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Multas e queixas de passageiros contra sistema de ônibus disparam em São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A balconista Luzia das Dores Martini, 28, esticou o braço quando o ônibus ainda estava parado no semáforo do quarteirão de cima, em um ponto na rua Helvétia, em Campos Eliseos, centro de São Paulo, na última quinta-feira (12). Segundo ela, uns dias antes, o coletivo quase passou direto pelo ponto e só parou quando um homem que estava ao lado deu um tapa na lataria do veículo.

Motorista que não atende ao sinal de parada é uma das principais queixas de usuários na capital paulista.

As reclamações contra os ônibus urbanos, feitas via serviço 156 da prefeitura, cresceram 8,5% no ano passado. Ao todo foram 83.839 contra 77.254 em 2023.

Os dados integram o Relatório Integrado da Administração de 2024 da SPTrans, estatal que administra o transporte coletivo municipal. O documento faz uma radiografia do sistema de ônibus urbanos na cidade.

As principais reclamações, aponta a empresa, foram intervalo excessivo entre ônibus, motorista que não atende sinal de parada, atitude inadequada de motorista, cobrador ou fiscal, descumprimento de partida no ponto inicial ou final e direção perigosa.

Reclamações, como a da balconista, cresceram mais que a frota na cidade de São Paulo. O número de ônibus nas ruas subiu menos de 1% entre 2023 e 2024, passando de 11.939 veículos para 12.042.

Quando se compara a frota total, que inclui ônibus de reserva técnica, ela encolheu de 13.300 coletivos para 13.277.

Ao mesmo tempo, o número de usuários foi da média diária de 7 milhões para 7,3 milhões -4% a mais. O número de linhas passou de 1.303 para 1.320.

No ano passado, a SPTrans afirma ter aplicado 331,8 mil multas às empresas de ônibus -entre elas por intervalo excessivo entre as linhas- contra 307 mil no ano anterior.

Em 2024 foram 249,6 mil autuações por viagens não realizadas, ante 232 mil em 2023.

Um dos motivos para o crescimento nestas multas, segundo a SPTrans, foi o fato de a fiscalização ter sido intensificada com uso de GPS em 100% da frota e monitoramento 24 horas por dia.

“Até 2026, o novo SMGO [Sistema de Monitoramento e Gestão Operacional, que está em desenvolvimento ] ampliará o controle e o acesso a dados em tempo real”, diz a empresa.

A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que nos dois últimos dois anos foram treinados mais de 50 mil operadores, incluindo motoristas, cobradores e fiscais de linha, que passaram por atualização sobre temas como respeito ao idoso, atendimento ao público e prevenção de acidentes.

“A supervisão e o controle do sistema de ônibus deveria ser automático e transparente, com divulgação pública diária do índice de performance de partidas de cada linha, de cada empresa e do sistema como um todo”, afirma Sergio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Para ele, é fundamental fazer pesquisa de opinião para reforçar as virtudes e eliminar os vícios do sistema.

Ejzenberg cita como positivo o aumento no número de passageiros do sistema. “O negativo e recorrente é que a frota vem diminuindo desde 2019 [antes da pandemia]. Já tivemos mais de 14 mil ônibus.”

“A frota pode estar deixando de cumprir as todas as partidas [viagens programadas], como têm revelado as intervenções feitas pela prefeitura em algumas empresas.”

De acordo com a SPTrans, desde 2020, a capacidade de transporte por coletivos aumentou 11,4%, de 907 mil para 1,01 milhão de lugares, enquanto o número de passageiros se mantém estável após o fim da pandemia.

O relatório aponta que diminuiu a velocidade dos ônibus nas faixas exclusivas no período da manhã -sentido bairro/centro entre os períodos comparados, passando de 20 km/h para 19 km/h. Os coletivos também estão mais lentos nessas vias à noite -a velocidade média caiu de 27 km/h para 26 km/h.

VELOCIDADE MÉDIA NAS FAIXAS EXCLUSIVAS

Pico da manhã – bairro/centro – Pico da tarde – centro/bairro – Entrepico dia – dois sentidos – Entrepico noite – dois sentidos

Ano – km/h – km/h – km/h – km/h

2023 – 20 – 17 – 18 – 27

2024 – 19 – 17 – 18 – 26

A gestão Nunes diz que para aumentar a velocidade média do transporte, atualmente acima de 20 km/h, foram implantados 54 km de faixas exclusivas entre 2021 e 2024 e que entregou novo trecho do corredor Itaquera, na zona leste.

“Também estão em andamento os projetos dos BRTs Radial Leste e Aricanduva, além dos corredores Celso Garcia e Itaquera”, diz a nota.

Conforme o relatório, a cidade ganhou apenas 1,4 km de faixas exclusivas entre os anos comparados -foram de 589 km para 590,4 km. Já os corredores exclusivos saltaram de 131,20 km para 135,4 km. A cidade também ampliou o número de terminais de ônibus -de 31 para 33.

Segundo o relatório, somando corredores e faixas exclusivas, São Paulo tem 725,7 km de vias com prioridade para ônibus, que representam, aproximadamente, 3,6% das vias da cidade. O percentuial, diz, é o maior do país.

O documento aponta que aumentou o número de pessoas que usam outros meios de transporte para completar a viagem -de 31,08% em 2023 para 40,25%.

O metrô é o principal modal usado também pelo passageiro de ônibus no mesmo percurso -cresceu de 59,79% para 68,68%.

Entretanto caiu o número de pessoas que pegam o trem metropolitano e ônibus na mesma viagem -de 31,37% para 29,38%.

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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