Selic sobe (mais) e complica o orçamento. Ou ajuda os investimentos? Depende do ponto de vista e outras notícias do mercado nesta quinta-feira (19).
15% AO ANO
Não é uma boa hora para financiar aquele imóvel ou carro dos sonhos, mas é um ótimo momento para guardar seu dinheiro e deixá-lo rendendo. Ou, ao menos, é assim que o Banco Central gostaria que você pensasse neste momento.
O BC elevou a taxa Selic a 15% ao ano, o que significa que o crédito está mais caro do que esteve em algum tempo. Foram sete aumentos consecutivos em nove meses.
Nas alturas. Nos últimos dez anos, a última vez que a taxa básica de juros esteve perto do patamar atual foi de 2015 a 2016, quando foi determinada em 14,25%.
O novo aumento leva a tarifa referencial ao nível mais alto desde julho de 2006, quando estava fixada em 15,25% ao ano;
Naquela época, os juros estavam em trajetória de queda depois de um pico de 19,75% ao ano, durante o escândalo do mensalão, em 2005.
Tá bom ou quer mais? Segundo o que o Copom (Comitê de Política Monetária) escreveu no comunicado em que divulga a nova taxa, tá bom. O grupo prevê uma interrupção no ciclo de alta na próxima reunião, para ver os resultados do que foi acumulado até agora.
Motivos. O colegiado justificou os 15% ao ano dizendo que as expectativas de inflação ainda estão distantes da meta e a atividade econômica continua mostrando força e o mercado de trabalho segue como uma pressão sobre os preços.
Na visão do comitê, a política monetária tem que estar em um modo significativamente contracionista, ou seja, de um jeito que faça todos segurarem o dinheiro nos bolsos por algum tempo.
Não é bom estar inseguro com o que pode acontecer na economia doméstica em um momento em que a economia global está muito complicada como agora, com a guerra comercial e as tensões no Oriente Médio.
A iniciativa do BC também parte da vontade de manter a casa arrumada, caso ela seja atingida pelo que vem de fora.
Economia 101. Tudo isso serve para segurar a inflação, que, em uma definição simplista, é o aumento do nível dos preços. Aumentar a taxa básica de juros ajuda a esfriar a economia e, por consequência, a baixar os valores nas etiquetas.
FAÇA VOCÊ MESMO
Há momentos em que pensamos que ninguém pode fazer algo de forma tão boa quanto nós mesmos faríamos. Todos são incompetentes ou simplesmente não dividem os neurônios com você?
O presidente americano, Donald Trump, parece estar preso neste dilema. Aparentemente, ninguém é tão bom para comandar as instituições quanto ele mesmo.
Talvez eu devesse ir para o Fed. Posso me nomear para o Fed? Eu faria um trabalho muito melhor do que estas pessoas, disse o líder ontem.
Idiota…é como o republicano chamou o presidente do Federal Reserve (o Banco Central americano), Jerome Powell.
Ontem, a autarquia anunciou a manutenção da taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% pela quarta vez seguida coisa que desagradou muito o chefe de estado.
Nebulosas é como o Fed descreveu as perspectivas econômicas para o futuro, em meio à guerra comercial de Trump e a escalada das tensões no Oriente Médio. Por isso, segundo a entidade, é mais prudente manter as coisas como estão.
Faz sentido no fim das contas, ninguém sabe como estará a economia daqui há alguns meses. Alguns países, como o Reino Unido, fecharam acordos para evitar as tarifas recíprocas dos EUA, mas ainda não há definição sobre como elas atuarão.
⏰ Passou da hora? Os dados econômicos mais recentes dos Estados Unidos mostram um certo arrefecimento da atividade, o que poderia sugerir um bom momento para deixar a atividade econômica respirar e baixar os juros.
Contudo, ainda há a expectativa de que a inflação possa sofrer com a política externa trumpista. Powell quer jogar no seguro, ainda que isso signifique ficar com a orelha quente de tanto ser xingado pela Casa Branca.
📊 Projeções. Junto do anúncio dos juros, o Fed divulgou o dot plot (diagrama de pontos, em tradução literal), uma pesquisa econômica que serve de termômetro para as próximas decisões da autarquia.
Oito dos 19 membros do Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês) esperam reduzir a taxa para 3,75% a 4,00% ainda em 2025.
↳ Depois da decisão, o dólar fechou a quarta-feira em R$ 5,500.
JURA DE DEDINHO
Há vezes em que, sem outra opção, você vai ter que confiar na palavra de alguém. É o que o Brasil está pedindo que o mundo faça. O país está se autodeclarando livre da gripe aviária.
O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) informou oficialmente à OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) o fim do prazo de vazio sanitário, conforme previsto nos protocolos internacionais.
↳ Vazio sanitário é o período de 28 dias que o Brasil deveria passar sem registrar novos casos da influenza em granjas comerciais.
↳ O nome técnico da doença é IAAP (influenza aviária de alta patogenicidade). Se ver a sigla por aí, já sabe.
Acabou? Muita calma nessa hora. A OMSA ainda tem que se posicionar sobre o assunto e, mesmo assim, a autodeclaração não muda automaticamente a decisão de mais de 40 países que bloquearam as importações da carne de frango brasileiro.
Cada país tem seu regulamento sanitário e seus acordos com o Brasil portanto, a retomada das compras depende da deliberação de cada um. A expectativa é que elas voltem paulatinamente.
🔍 Observando. O vazio sanitário começou em 22 de maio, depois que a granja comercial que primeiro apresentou casos na cidade gaúcha de Montenegro foi desinfetada.
O diagnóstico das aves foi anunciado em 16 de maio, há pouco mais de um mês.
💔 Me aceita de volta é o que os comerciantes brasileiros de frango estão pedindo. A pasta da agricultura e da pecuária disse que está notificando diretamente os países que impuseram bloqueios temporários às aves nacionais.
A ideia é restabelecer o comércio global o mais rápido possível, evidenciando a imagem do Brasil como um país responsável sanitariamente deu problema, mas foi resolvido.
Não vai ser fácil. A questão com infecções é que é sempre difícil acreditar que ela acabou de uma vez por todas.
Um exemplo: o Japão suspendeu a importação de carne de frango e ovos de produtores de Campinápolis, no Mato Grosso, onde foi confirmado um caso da gripe aviária em aves de criação e não para comércio.
DEDICAÇÃO TOTAL À HERANÇA
Ah, os casos de família. Quem não gosta de saber da briga dos parentes alheios para se sentir melhor com as próprias confusões? Ou vai dizer que a sua família é tranquila?
Em um novo capítulo da longa disputa pela herança de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, o filho caçula sofreu mais uma derrota nas acusações de que os irmãos tentaram deixá-lo sem nada.
Como assim? Saul Klein pediu à Justiça que incluísse o montante de mais de R$ 7,6 bilhões que teria sido doado em vida pelo patriarca aos outros dois filhos, Michael e Eva, e netos.
No processo, ele afirma que, dois anos antes da morte de Samuel (em novembro de 2014), os dois irmãos esvaziaram a herança do pai, fazendo doações bilionárias por meio de documentos com assinaturas falsas e transferências a empresas com sede no exterior.
Aqui não…disseram os desembargadores que não analisaram o mérito e reforçaram a negativa que já havia sido dada. A justificativa, basicamente, é que não há provas concretas. Ainda, a recomendação da Justiça é que o caso é complexo demais para ser analisado em inventário ou seja, se quiser, vai ter que ir para o tribunal.
Fantasiosas e sem fundamentação…é como a defesa do irmão descreve as ações de Saul. Eva e Michael questionam na Justiça a suposta transferência que Saul fez de seus direitos hereditários à empresa 360 Graus Intermediação de Negócios.
Ela foi criada em 2022, um mês antes da assinatura que teria transferido os direitos hereditários. Os irmãos mais velhos querem acesso ao conteúdo do suposto contrato de prestação de serviços, com a justificativa de que podem ter sido lesados pelo negócio.
Saul, por sua vez, diz que o negócio é sigiloso.
Condenado. Saul Klein já esteve envolvido com a Justiça em outros processos, o mais famoso deles é um escândalo de abuso sexual deflagrado em 2020.
De acordo com nota do MPT (Ministério Público do Trabalho), ele aliciava jovens de 16 a 21 anos com falsas promessas para trabalhar como modelo, mas as explorava sexualmente e as submetia a condição análoga à escravidão. Em 2023, ele foi condenado a pagar R$ 30 milhões.
O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER
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👂Quem fala o que quer ouve o que não quer. O CEO da JAC Motors virou réu por ter dito em um podcast que o desconto para PCDs em carros devia acabar na surdina.
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LUANA FRANZÃO / Folhapress
