O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) deu o aval para que a contratação da empresa SOS Assistência Médica fosse realizada. O prefeito teve a chance de cancelar ou suspender o processo, mas optou por manter a contratação. A informação foi dada pelo secretário da Saúde, Sandro Scarpelini, e consta do relatório da Polícia Federal (PF) que investiga a chamada Farra das Ambulâncias.
A SOS, empresa de Aníbal Carneiro, cabo eleitoral de Nogueira e amigo pessoal do secretário da Saúde, foi contratada, por R$ 1,1 milhão, em um processo de dispensa de licitação que é investigado pelas autoridades. Há suspeita de direcionamento do processo para beneficiar Carneiro.
Scarpelini informou à PF que, em reunião online entre Nogueira e parte de seu secretariado, chegou a perguntar ao prefeito Duarte Nogueira e o chefe da Casa Civil, Antonio Abud, “se, em razão da enorme repercussão negativa da contratação das ambulâncias”, deveria o contrato “ser suspenso ou cancelado, ainda mais porque a previsão do aumento do número de casos em curto espaço de tempo não havia ocorrido”.
Segundo Scarpelini, “o prefeito e o chefe da Casa Civil disseram que deveria se aguardar mais, e assim foi feito”, sendo o contrato executado até o fim.
Trata-se da única menção ligando o prefeito Duarte Nogueira à escolha da empresa de Carneiro. O secretário não deixou claro se houve a explanação de algum motivo para a manutenção do processo.
A reportagem questionou o prefeito Duarte Nogueira sobre o assunto, a sua assessoria de imprensa limitou-se a informar, colando trechos de outras notas anteriores, que não iria comentar o assunto.
O processo
O suposto direcionamento na dispensa de licitação foi denunciada com exclusividade pelo Grupo Thathi em 7 de abril, um dia depois de a prefeitura ter publicado, no Diário Oficial, o resultado da seleção de empresas. Apesar disso, o material com os detalhes do processo só foi disponibilizado no portal da transparência quase dez dias depois.
Com base na denúncia do Grupo Thathi, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar as irregularidades. O Ministério Público Estadual e a Câmara também realizaram procedimentos de investigação.