A Polícia Civil de São Paulo realizou nesta quinta-feira (24) uma grande operação para combater a receptação de metais furtados, especialmente cabos de cobre, na região Noroeste do estado. Batizada de Operação Cegueira Deliberada, a ação foi coordenada pela Delegacia Seccional de São José do Rio Preto e mobilizou 93 policiais civis, 39 viaturas e contou com o apoio de equipes da CPFL, VIVO e das Fazendas Municipais.
Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em comércios suspeitos de adquirir materiais sem comprovação de origem. Ao todo, 26 estabelecimentos nas cidades de Rio Preto, Mirassol, Bálsamo e Nova Granada foram vistoriados. Toneladas de metais — entre eles cobre e outras ligas — foram apreendidas. Algumas prisões em flagrante também foram registradas e outras podem acontecer nos próximos dias.
Segundo a Polícia Civil, a região tem registrado um aumento expressivo nos furtos de cabos elétricos e de telefonia, gerando prejuízos para concessionárias e transtornos para a população. As investigações apontam que parte desse material furtado acaba sendo vendido a empresas de reciclagem e comércios de sucata, que ignoram — de forma deliberada — a origem ilícita dos produtos.
O delegado responsável pelo caso destacou que a receptação qualificada, prevista no artigo 180 do Código Penal, não exige que o suspeito tenha participado diretamente do furto. Basta que fique demonstrado que ele sabia, ou deveria saber, que se tratava de produto de crime.
A operação também realizou vistorias noturnas na véspera da ação para monitorar estabelecimentos que funcionam 24 horas. Técnicos das empresas envolvidas auxiliaram na análise documental e no rastreamento dos metais encontrados.
Todos os comércios vistoriados foram notificados formalmente sobre a proibição da compra e venda de metais sem origem comprovada. Essas notificações servirão de base legal para futuras prisões em flagrante. Os envolvidos poderão responder por receptação qualificada, com penas que variam de 3 a 8 anos de prisão.
A Polícia Civil reforça que a cadeia produtiva de sucatas deve adotar controles rígidos para evitar a comercialização de materiais ilegais. Afinal, não há crime patrimonial sem receptação.



