O Alzheimer é uma doença de causa desconhecida e ainda sem cura, caracterizada pela perda progressiva das funções cognitivas como memória, atenção, concentração e linguagem, o que exige a implantação de uma rotina e a necessidade de cuidados familiares para oferecer melhor qualidade de vida ao paciente.
De acordo com a Associação Brasileira da Doença de Alzheimer (Abraz), cerca de 1,5 milhão de pessoas tem a doença no Brasil. A enfermidade se manifesta, geralmente, na faixa etária entre 60 e 70 anos, mas existem casos registrados de pacientes com idade entre 30 e 40 anos, mas ela também pode surgir após os 80 anos.
O médico Rodrigo Costa, Coordenador do Serviço de Neurocirurgia do Hospital São Francisco, explica que ainda não é possível afirmar cientificamente as causas da doença que é degenerativa para o cérebro e ocorre de forma progressiva.
“Infelizmente não existe uma forma de tratamento curativo para a doença. O tratamento com medicamentos e cuidados vão levar a uma redução da progressão dos sintomas e ao controle de alguns sintomas indesejados que podem ser evitados como a agressividade, além de melhorar o comportamento do paciente no dia a dia”, afirma Costa.
Em razão do Alzheimer provocar sintomas como esquecimentos, desorientações no tempo e espaço e dificuldade para lembrar palavras, o neurologista reforça que o acompanhamento de pessoas próximas é essencial para o paciente.
“O comportamento dos cuidadores e familiares é um passo importante no tratamento. Em razão do diagnóstico é comum a situação de desespero e tristeza, mas os cuidadores e familiares devem seguir as orientações do médico e compreender a questão de a doença ser progressiva, além de saber que a ação deles pode influenciar nas consequências da doença e no comportamento do paciente”, observa Costa.
Tranquilidade
O médico revela que um ambiente calmo e tranquilo é extremamente benéfico para auxiliar no tratamento dos pacientes que sofrem com a doença de Alzheimer e para o bem-estar de quem convive com a pessoa. “É importante evitar os conflitos. Não adianta querer que o paciente se lembre que tem a capacidade afetada, que não conte a mesma história três ou quatros vezes, que descubra onde guardou a chave. Toda vez que é exigido mais do que ele tem condições, ele vai ficar ansioso e a tendência é que evolua com agressividade e com piora do quadro”, ressalta.
Para evitar o desgaste das pessoas que atuam diretamente no cuidado com o paciente, o neurologista recomenda a criação de uma rotina das atividades, o revezamento dos responsáveis pelo acompanhamento e, quando possível, oferecer condições de autonomia de forma supervisionada.
“Devemos procurar oferecer o máximo de autonomia para o paciente nas atividades que ele tem condições de realizar, de forma supervisionada e desde que não coloque ele nem outras pessoas em risco. É importante que ocorra um rodízio no cuidado porque gera cansaço físico e mental do familiar, o que pode comprometer o cuidado do paciente. Além de uma rotina rígida para o paciente com a manutenção dos horários de alimentação, atividade física, horário de sono. Toda vez que o paciente não tem essa rotina, ele tende a ficar inseguro trazendo agitação, agressividade e piora dos sintomas”, comenta Costa.
Sintomas
De acordo com as informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, o primeiro sintoma, e o mais característico, do Alzheimer é a perda de memória recente. Com a progressão da doença, quando vão aparecendo sintomas mais graves como a perda de memória remota (ou seja, dos fatos mais antigos), bem como irritabilidade, falhas na linguagem, prejuízo na capacidade de se orientar no espaço e no tempo. Percebendo a ocorrência frequente e o agravamento dos sintomas é aconselhável procurar um neurologista para um diagnóstico.
Entre os principais sinais e sintomas do Alzheimer estão:
- Falta de memória para acontecimentos recentes;
- Repetição da mesma pergunta várias vezes;
- Dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos;
- Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
- Dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
- Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais;
- Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento