O domingo (3/8) foi marcado por atos de bolsonaristas pelo país. Os alvos: o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o presidente Lula (PT). Manifestações foram programadas em ao menos 20 capitais em todas as regiões do Brasil. Cidades do interior também teve atos, marcados também por exaltações ao presidente dos EUA, Donald Trump.
Em São Paulo, os protestos foram no período da tarde. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não pode participar porque, desde o último dia 18, tem que cumprir medidas restritivas impostas por Moraes, como usar tornozeleira eletrônica e não sair de sua casa, em Brasília, aos fins de semana.
Os discursos
“Uma diplomacia nanica, provocando os Estados Unidos, desrespeitando a autoridade do presidente Trump, dizendo que ele é um nazista, fascista e queira ser o dono do mundo. As consequências chegam. Irresponsável, mentiroso”, disse Michelle Bolsonaro durante discurso em que atacou Lula e o STF.
O governador do Rio de Janeiro Claudio Castro (PL) participou do ato em Copacabana, que ocupou dois quarteirões da orla da avenida Atlântica. Castro defendeu Jair Bolsonaro como “única opção” para a eleição de 2026. Bolsonaro está inelegível.
O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) puxou gritos de “Magnitsky” e pediu anistia aos presos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.
No Rio, parlamentares evitaram menção direta ao tarifaço imposto pelo governo americano ao Brasil, mas o público levou bandeiras dos Estados Unidos e cartazes em agradecimento a Donald Trump.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou Moraes de “vagabundo” e divulgou mensagem de voz do pai saudando o público.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também colocou mensagem de Bolsonaro no celular durante ato em Belo Horizonte. Bolsonaristas se reuniram na praça da Liberdade e discursaram no tom de que o STF é inimigo. Uma faixa estendida no carro de som dizia, em inglês, “Leave Bolsonaro alone” (Deixe Bolsonaro em paz).
Pedido de prisão
Após Belo Horizonte, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) participou do ato bolsonarista realizado na avenida Paulista, em São Paulo, e pediu a prisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, a quem chamou de “violador de direitos humanos”.
Dirigindo-se diretamente a Moraes, Nikolas disse “você sem a toga não sobra nada” e mencionou as sanções aplicadas pelo governo americano ao ministro. “Eu posso usar cartão de crédito. Posso usar as redes sociais e ainda usar pente de cabelo”, afirmou, adotando um dos discursos mais agressivos dos atos em direção ao magistrado.
O deputado disse que deseja ver Moraes preso. “E, por último, mas não menos importante: para que Alexandre de Moraes esteja atrás das grades”, declarou.
Nikolas também aproveitou para criticar a medida que impõe o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-ministro Jair Bolsonaro (PL). Segundo, o deputado, Bolsonaro foi “condenado por um golpe fictício”.
O principal ato, em São Paulo, começou nesta tarde sem a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que marcou um procedimento médico para a mesma data.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto e o pastor Silas Malafaia estiveram entre os destaques.
O pastor Malafaia, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), usou sua fala no ato na avenida Paulista para criticar os presidenciáveis da direita que não compareceram à manifestação bolsonarista. Sem citar nomes, ele questionou a ausência de políticos cotados para substituir Bolsonaro na eleição de 2026 e afirmou que eles não estiveram presentes por “medo” do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro? Era para estarem aqui, minha gente. Sabe o que fica provado? Que até aqui Bolsonaro é insubstituível”, disse Malafaia.
O pastor também afirmou que presidenciáveis teriam “arrumado desculpas” para não comparecer. “Vão enganar trouxa. Eu não sou trouxa. Estão com medo do STF? Por isso não chegaram até aqui? Arrumaram desculpa. Por isso, minha gente, que 2026 é Bolsonaro”, completou.
Além de Tarcísio, outros governadores de direita cotados para disputar a Presidência em 2026. Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo) e Ratinho Júnior (PSD) também não compareceram à manifestação em São Paulo convocada contra Moraes.
Lei Magnitsky
Os atos acontecem quatro dias depois de o presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciar imposição de sanções financeiras a Moraes, com base na Lei Magnitsky.
As sanções são ligadas à pressão pela interrupção da ação penal que julga Bolsonaro por tentativa de golpe e são incentivadas, sobretudo, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Na sessão do STF de sexta (1°), a primeira desde a sanção, Moraes classificou como “covardes e traiçoeiras” as ações do governo americano e disse haver “traição à pátria”, direcionando sua reação principalmente a Eduardo Bolsonaro.
Em Brasília, os manifestantes se reuniram próximos à sede do Banco Central, com um carro de som. Como sempre, carregando adereços verdes e amarelos e com a bandeira do Brasil. Também houve bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.
Alguns trouxeram faixas contra o ministro Alexandre de Moraes, outros contra Lula. Uma série de bolsonaristas trouxeram a frase “Thank you Trump” (obrigado Trump, em inglês), em apoio às atitudes do presidente dos EUA.
Também houve diversas manifestações de apoio a Bolsonaro e outros aliados que foram alvo do STF, como Daniel Silveira. Também pediam a anistia, a revogação do IOF, além de fazerem menções positivas à Lei Magnisky. Os bolsonaristas também incentivavam os carros que passavam para buzinar, em apoio ao ato.
Os discursos contaram apenas com personagens do segundo escalão do bolsonarismo, como a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ou o senador Izalci Lucas (PL-DF) que até 2024 estava no PSDB, quando se filiou ao partido de Bolsonaro.
Diante de forte sol no Eixão, principal via da capital federal, os manifestantes também buscaram sombras para se proteger do calor o ato não chegou a ocupar o equivalente a uma superquadra da avenida.



