Cento e cinquenta famílias em Santos ocuparam um prédio abandonado na manhã de ontem (7/9). A ação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). A ocupação, batizada de “Palestina Livre Menino Ryan Vive: As armas que matam Gaza assassinam nossas crianças na Baixada Santista”, faz parte de uma campanha nacional. Em todo o país, 20 novas ocupações foram anunciadas neste Dia da Independência do Brasil, em 17 estados.
Com o lema “Não há independência, nem soberania, sem direito à moradia”, a campanha do MLB denuncia o déficit habitacional no país. O movimento aponta que mais de 8 milhões de famílias sofrem com a falta de moradia. A ação também critica as políticas de habitação, consideradas insuficientes.
Jornada de lutas une moradia e causa palestina
Além da luta por moradia, a ocupação tem como objetivo denunciar o genocídio do povo palestino. De acordo com autoridades palestinas e órgãos das Nações Unidas, o conflito em Gaza resultou em mais de 70 mil mortos e 150 mil feridos, com 2 milhões de pessoas deslocadas. Além disso, 80% das edificações da Faixa de Gaza foram destruídas.
As ocupações, batizadas de “Palestina Livre”, marcam 702 dias de genocídio. A ocupação de Santos recebeu o nome de “Menino Ryan”, em memória a uma criança de 4 anos. O menino foi assassinado em 2024 pela polícia militar, em frente à sua casa. Meses antes, o pai de Ryan, um trabalhador PCD, também havia sido morto pelo Estado.
Aluguel caro e realidade local impulsionam a ação
A dificuldade financeira para pagar aluguel é uma das razões da ocupação. Conforme o Movimento, mais de 60% dos trabalhadores brasileiros vivem com até um salário mínimo (R$ 1.518,00). Ao mesmo tempo, o preço do aluguel subiu 10,28% nos últimos 12 meses, segundo o Índice FipeZAP. A inflação, no mesmo período, foi de 5,23%.
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Uma das participantes, que paga quase R$ 1.000,00 de aluguel, conta as dificuldades que enfrenta. “É um absurdo, quase mil reais! Se eu não tenho meu marido, como que eu sobrevivo, né? […] Eu não tenho idade para me aposentar. É caso de necessidade, se precisar eu vou à luta!”.
O imóvel ocupado em Santos está abandonado há mais de uma década no centro da cidade. Ele, inclusive, acumula dívidas e não cumpria sua função social. A realidade contrasta com a riqueza da cidade, que abriga o principal porto da América Latina. Santos também possui, no entanto, o maior complexo de palafitas, onde moradores perdem suas casas devido a enchentes e incêndios.



