Institutos de pesquisa do Brasil e Reino Unido se juntaram para estudar como a Floresta Amazônica pode responder às mudanças ambientais futuras. O experimento faz parte da segunda fase do AmazonFACE e foi anunciado há pouco durante a Convenção do Clima (COP-26), que ocorre na Escócia. O AmazonFACE funcionará como uma máquina do tempo, criando artificialmente as condições atmosféricas projetadas para 2050.
Foto: AmazonFACE
O serviço nacional de meteorologia britânico Met Office trabalhará em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para administrar o AmazonFACE. Experimentos de enriquecimento de dióxido de carbono de ar livre bombearão volumes controlados dos gás em pequenas áreas de floresta para simular sua resposta às mudanças climáticas.
Os cientistas explicaram que esse tipo de experimento nunca foi feito em escala dentro de um ambiente de floresta tropical. A Amazônia é tida como um local importante a se analisar por conta de sua relevância para a regulação do clima global porque absorve grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera.
A expectativa é a de que os cientistas sejam capazes de entender as possibilidades das respostas de florestas tropicais em diferentes cenários futuros de emissões de carbono. E, com esse entendimento aprimorado, soluções mais detalhadas para vários cenários de emissões poderão ser desenvolvidas.
“Este é um experimento muito esperado e que será um divisor de águas na nossa compreensão de até que ponto as florestas tropicais podem ajudar a humanidade a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o quão vulneráveis elas são às mudanças climáticas globais”, disse o pesquisador da Universidade de Campinas (Unicamp) e coordenador científico do AmazonFACE, David Lapola.
As florestas desempenham um papel fundamental no ciclo global de carbono e no equilíbrio energético do planeta, com o desmatamento sendo responsável por cerca de 10% das emissões globais de CO2. Sua importância foi ressaltada por um recente compromisso internacional de mais de 100 líderes para acabar com o desmatamento até 2030.
“Os dados gerados informarão as projeções climáticas globais e ajudarão aqueles que vivem em florestas tropicais a compreender e responder às mudanças em seu ambiente local” afirmou a diretora regional de ciência e inovação da embaixada britânica no Brasil, Cindy Parker.
O professor Richard Betts, membro do Met Office e chefe de pesquisa de impactos climáticos e presidente do Instituto de Impactos Climáticos da Universidade de Exeter, disse que o AmazonFACE ajudará a cumprir as metas da COP26 ao dar informações sobre a rapidez com que o dióxido de carbono seria removido do ar pela floresta amazônica no futuro. “Isso é fundamental para calcular o orçamento de carbono e para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Precisamos urgentemente de informações precisas sobre isso para que possamos estabelecer metas de redução de emissões com confiança.”