A mudança gerou dúvidas, mas não é lobby da indústria farmacêutica. Pelo contrário: nesta fase não se indica remédio, e sim mudar o estilo de vida para não precisar de medicação no futuro.
A nova diretriz de hipertensão arterial trouxe um alerta que surpreendeu muita gente: valores de 120×80 mmHg já são considerados pré-hipertensão. Essa mudança gerou dúvidas em boa parte da população, especialmente sobre a necessidade de começar medicamentos.
Mas é importante esclarecer: essa fase não exige o uso de remédios. Não se trata de lobby da indústria farmacêutica — a recomendação é justamente mudar o estilo de vida para evitar evoluir para hipertensão arterial e precisar de medicação no futuro.
Segundo a cardiologista Dra. Bruna Henares (CRM 124.287 | RQE 38476), a pré-hipertensão deve ser entendida como um “sinal amarelo do semáforo”, que indica necessidade de atenção e mudança de hábitos para evitar chegar ao “sinal vermelho” — quando a pressão ultrapassa 140×90 mmHg e já é diagnosticada como hipertensão arterial.
O que fazer na fase de pré-hipertensão?
Nesta fase, o foco é prevenir. As diretrizes recomendam mudanças de estilo de vida para reduzir o risco de evoluir para a pressão alta e suas complicações, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), o famoso “derrame”.
Principais orientações:
• Atividade física regular – não é preciso ser atleta, mas é essencial se movimentar.
• Alimentação saudável e equilibrada – comida de verdade, colorida e nutritiva.
• Hidratação adequada – beber água diariamente.
• Sono de qualidade – insônia e roncos devem ser investigados e tratados.
• Saúde mental – lidar com emoções, praticar espiritualidade e evitar guardar mágoas.
• Manter o peso controlado, com foco em diminuir a gordura corporal e aumentar a massa magra.
• Controle de doenças crônicas como diabetes, colesterol alto e asma.
• Parar de fumar.
• Exposição solar nos horários seguros para manter vitamina D em níveis adequados.
• Carteira de vacinação atualizada.
Por que é importante agir cedo?
Estudos mostram que pessoas com pressão arterial limítrofe já têm maior risco de desenvolver hipertensão arterial nos anos seguintes. A boa notícia é que mudanças simples e consistentes no estilo de vida podem prevenir esse avanço e proteger o coração a longo prazo.
“Não existe pílula mágica para substituir o cuidado diário. É um processo de construção: um dia de cada vez”, reforça a Dra. Bruna.
A pré-hipertensão não é doença, mas sim um alerta. Quem aproveita essa fase para ajustar hábitos ganha a chance de evitar o uso de medicamentos no futuro e reduzir significativamente o risco de complicações cardiovasculares, como infarto e AVC (“derrame”).
Referências
• Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 2025.



