Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 13 em cada 100 casos de câncer no Brasil estão relacionados ao sobrepeso e obesidade. Entre os diferentes tipos de tumores em que o excesso de peso representa um fator de risco está o câncer de mama.
De acordo com estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), estima-se que até 2025, o Brasil tenha 29 mil casos de câncer relacionados com o excesso de peso e a obesidade. Desse total, o câncer de mama representa cinco mil dos diagnósticos.
Ainda, a relação entre a obesidade e o câncer pode ser explicada por diferentes razões. Primeiro, porque os obesos apresentam maiores níveis de insulina no sangue, estimulando o crescimento das células, incluindo as cancerosas.
Da mesma forma, o excesso de gordura corporal também causa uma inflamação crônica generalizada no corpo, pois, o sistema imunológico passa a produzir anticorpos para conter o excesso de gordura. Porém, esse ataque também pode afetar as células saudáveis.
Essas mesmas células de gordura fabricam hormônios que desequilibram o organismo, o que favorece o surgimento do câncer de mama, endométrio, próstata e ovário.
Conheça outros fatores que explicam essa relação
Além da inflamação crônica, existem outros processos biológicos que tornam mais evidente a relação entre excesso de peso e câncer de mama. São eles:
• desregulação da apoptose celular: a morte das células é um processo natural e programado pelo corpo, chamado de apoptose celular. Porém, estudos apontam que pessoas com excesso de peso podem ter esse processo desregulado, fazendo com que células disfuncionais continuem no organismo;
• favorece a secreção de substâncias inflamatórias que promovem o crescimento de células cancerígenas;
• dilatação dos vasos sanguíneos: o aumento dos vasos sanguíneos é um processo chamado de angiogênese, que acaba alimentando os tumores;
• elevação dos hormônios sexuais: a obesidade favorece o aumento na produção de hormônios sexuais, o que contribui para a maior presença de estrogênio nas mulheres. Esse hormônio é um fator de risco para o câncer de mama;
• gordura abdominal: o excesso de gordura abdominal também contribui para o aumento na fabricação de hormônios;
• alteração na microbiota intestinal: o excesso de peso modifica o perfil das bactérias que compõem o trato intestinal, ajudando a desenvolver uma inflamação;
• maior secreção de insulina: as células possuem receptores de insulina, hormônio que atua no aproveitamento da glicose. Quando há um excesso dessa substância, essas células tendem a se multiplicar, causando uma inflamação generalizada.
Portanto, é importante controlar o peso e fazer exercícios físicos com regularidade. Sua saúde tem que estar sempre em primeiro lugar.
* Mastologista com especialização em oncoplastia e cirurgia reconstrutora da mama pelo Instituto Europeu de Oncologia – Milão