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O que a minha vida adulta fez com a minha criança interior?

Cláudia Oliveira
Cláudia Oliveira
Psicóloga com formação em Terapia Cognitiva Comportamental, especialista em adolescência, adultos e orientação profissional. Neuropsicóloga, pós-graduada em orientação parental e inteligência emocional, Pós-graduanda em Psicopatologia e em Psicologia baseada em evidências. @psiclaudiaoliveira @adolescenciasimples
claudia oliveira

Gosto de aproveitar as datas comerciais para torná-las produtivas para mim. Com a chegada do Dia das Crianças, estou refletindo sobre como a infância de hoje está tão diferente da minha época. E não estou fazendo nenhuma avaliação se hoje é melhor ou pior, mas confesso que me bateu uma saudade do tempo em que eu era mais livre das minhas próprias cobranças, mais leve, me arriscava mais e era, até mesmo, muito engraçada.

Claro que todas as épocas do desenvolvimento humano são importantes, mas a fase adulta virou sinônimo de ser excelente. É cobrança de todos os lados para sermos produtivos, atualizados, equilibrados, saudáveis, criativos e emocionalmente inteligentes. Tudo junto e misturado, tudo ao mesmo tempo.

A busca por perfeição que nos é imposta está nos transformando em adultos tensos, rígidos e com uma sensação de que nunca somos suficientes. É como se estivéssemos sempre devendo algo: um resultado melhor, uma aparência mais adequada, uma resposta mais rápida, um comportamento mais correto.

No meio de tanta exigência, a criança que um dia morou em nós vai se calando, perdendo espaço, ficando de lado. Não temos mais tempo para aquela criança que ria de uma piada boba, que via rostos nas nuvens, que se encantava com o barulho da chuva ou com o cheiro de bolo saindo do forno.

E a consequência silenciosa é que ficamos sérios demais, preocupados demais, duros demais. Perdemos a curiosidade, o riso fácil e o prazer das coisas simples. Raramente nos permitimos fazer algo sem propósito, sem resultado, sem postar.

Brincar virou coisa de criança. E sentir prazer em algo leve parece até falta de maturidade. Mas será mesmo? Talvez estejamos confundindo amadurecer com endurecer.

Então, já que a semana das crianças está aí, vamos nos motivar a olhar para a nossa criança interior e nos perguntar:

• Onde foi parar a minha capacidade de brincar?
• Quando foi a última vez que ri até a barriga doer?
• Tenho sido gentil comigo?
• Eu preciso ser mais leve comigo?

Talvez a pureza, a curiosidade e a alegria estejam apenas adormecidas e podem acordar no instante em que você se permitir desacelerar, rir de si mesmo, brincar com o que é simples e tratar o outro e a si mesmo com mais ternura.

Penso que crescer não é deixar de ser criança. É apenas aprender a equilibrar a responsabilidade com a doçura de viver. E, se tem algo que o mundo anda precisando, é de adultos mais leves, mais flexíveis e mais capazes de se encantar novamente com o simples.

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