Todo dia 27 de setembro, data em que é celebrado o Dia de São Cosme e Damião, crianças vão às ruas pegar doces – assim como manda a tradição já muito festejada no Brasil. Mas talvez nem todo mundo conhece a história dos santos irmãos que dão nome a essa cultura. Há histórias que nascem antigas, mas nunca envelhecem. As Três Estrelas, novo livro de Luiz Antonio Simas com ilustrações delicadas de Camilo Martins, é uma dessas.
Simas é intelectual carimbado no Rio. Carioca criado por uma família nordestina, sua avó era rezadeira e mãe de santo de um terreiro em Nova Iguaçu. Sua família tinha o costume de dar doces para a meninada, no dia de São Cosme e de São Damião. Ao lado dos irmãos e amigos, Simas saia cedinho para percorrer as ruas em busca de suspiros, pirulitos, cocadas e mariolas. Hoje, a tradição continua já que ele e sua companheira distribuem doces, e seu filho Benjamin corre atrás de guloseimas pelas ruas da Zona Norte da cidade.
Em versos de cordel, Simas conta o início da trajetória de Cosme e Damião, dois irmãos gêmeos que, ainda no século III, se dedicavam a cuidar de crianças doentes nas terras do Oriente. Entre febres e gripes, dores de ouvido e fraquezas, eles curavam com plantas, rezas e, sobretudo, com doçura.
Simas transforma essa história de fé em um conto de encantamento. E Camilo Martins completa o feitiço com imagens cheias de cor, movimento e ternura. No livro, a medicina se mistura à poesia, e o milagre ganha o rosto da generosidade. Depois de cada cura, Cosme e Damião entregavam aos pequenos saquinhos com doces e brinquedos — gesto que atravessou séculos e continua vivo até hoje nas festas de setembro, quando as ruas se enchem de balas, fitinhas e alegria.
Em As Três Estrelas, tradição e infância andam de mãos dadas. É um convite para que os miúdos conheçam — e os adultos recordem — a beleza de partilhar o bem, o poder da fé como cuidado, e o valor das pequenas doações que iluminam o mundo.
“As três estrelas do céu” trata de amor que cura, de bondade que atravessa o tempo e de estrelas que nunca param de brilhar.



