Há livros infantis que parecem falar com as crianças, mas, no fundo, são bilhetes secretos endereçados a nós, adultos. A vaca mais rica do mundo, do autor e ilustrador francês Barroux, tá nessa seara. A história começa com uma vaca decidida a ser a mais rica do mundo e a cada página, entre risadas e desenhos vibrantes, o leitor é convidado a pensar: afinal, o que é ser rico de verdade?
Barroux transforma uma fábula aparentemente simples em um espelho colorido da nossa pressa. A vaca trabalha, acumula, corre atrás… até descobrir que a verdadeira riqueza pode estar em algo que não cabe no bolso, nem no cofre: o prazer de descansar à sombra de uma árvore, o tempo de olhar o céu, o silêncio de um fim de tarde. Ou seja, as coisas simples (e de graça) da vida.
Com traços alegres e uma narrativa bem-humorada, o autor fala de consumo, tempo e felicidade de um jeito que as crianças entendem e os adultos precisam reaprender. É uma lição disfarçada de brincadeira, uma parábola moderna sobre o que realmente importa quando o dia termina.
“A vaca mais rica do mundo” é, no fim das contas, um lembrete doce e necessário: não há fortuna maior do que viver com calma, cercado de afeto e natureza. Porque ser feliz, como Barroux nos lembra com graça e leveza, não é ter mais — é sentir mais.



