USP busca voluntários para testar vacina contra HIV

Imunizante apresentou bons resultados em animais e se encontra atualmente na fase 3; enquanto não há vacina, prevenção continua essencial

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Seringa utilizada para a aplicação de medicamentos - foto: Arquivo Grupo Thathi

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o professor e infectologista do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Ricardo Vasconcelos, comenta o estudo de uma vacina, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Harvard, chamado Mosaico, que passou cinco anos em testes de laboratórios, durante os estudos pré-clínicos e nas fases 1 e 2 em seres humanos, aplicados simultaneamente nos EUA, México, Peru, Brasil, Argentina, Itália, Espanha e Polônia.

Atualmente na fase 3, o estudo procura voluntários para testes. O professor explica que os voluntários de uma vacina devem ser pessoas vulneráveis ao vírus, assim como integrantes de certas populações vêm sendo testadas para as vacinas contra a Covid-19.

Aqui no Brasil, o estudo Mosaico está recrutando participantes em São Paulo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina na USP e busca voluntários homens gays ou bissexuais cisgêneros e homens ou mulheres transexuais entre 18 e 60 anos.

Caso você faça parte desse grupo e deseje se voluntariar, pode entrar em contato por meio do Programa de Educação Comunitária da FMUSP. Os contatos são pelo Instagram @pec.hcfmusp ou pelo e-mail [email protected].

A vacina em desenvolvimento trabalha com a tecnologia de vetor, em que são injetadas informações genéticas para produção de proteínas do HIV dentro de um vírus que não afeta seres humanos. Quando o indivíduo é vacinado, o vírus é inserido no organismo e se multiplica, fazendo com que o corpo receba as proteínas que foram injetadas no material genético. Assim, o vacinado produz resposta imune contra proteínas do HIV sem nunca ter tido contato com esse vírus.

Os testes feitos em seres humanos dessa vacina indicaram que, assim como nos macacos, os voluntários produziram anticorpos de imunidade, mas ainda resta saber se são eficazes em proteger contra a infecção do HIV. Além do estudo com voluntários no Brasil, outro estudo está sendo realizado na África Subsaariana, onde o grupo de pessoas vulneráveis é de mulheres cisgêneros heterossexuais jovens.

Porém, enquanto não há vacina, a prevenção continua essencial. Um dos métodos é a camisinha. O outro é a prevenção biomédica, feita por meio da profilaxia pós-exposição (PEP), quando medicamentos antirretrovirais são tomados após exposição ou possível exposição ao HIV; e da profilaxia pré-exposição (PrEP), quando são prescritos medicamentos  antirretrovirais antes da exposição (ou possível exposição) ao HIV.

A PrEP é um medicamento que deve ser tomado de forma constante pelo paciente para não contrair o vírus, assim como um anticoncepcional. Já a PEP deve ser tomada em até 72 horas após uma relação sexual considerada de risco, com uso contínuo dos medicamentos durante um mês, para evitar a contração do HIV. As duas profilaxias estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) e são seguras, sem efeitos colaterais graves.