Alunos da Alma confeccionam instrumentos musicais adaptados

Protocolo de combate ao Covid-19 fez com que aulas fossem online; mais de 400 alunos fazem os cursos

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Alunos durante aula online do alma - Foto: Reprodução

A Academia Livre de Música e Artes (Alma) inovou o planejamento pedagógico a partir das medidas de distanciamento social e protocolos de prevenção em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o que incluiu adaptações para as aulas online e também utilização de materiais adaptados para a construção de instrumentos.

Esta realidade foi aplicada especificamente no núcleo 2, que recebe alunos das cidades de São Joaquim da Barra e Guará, todos matriculados regularmente e de forma gratuita. No total, somando com os alunos de Ribeirão, o Alma tem 400 alunos.

Por conta da pandemia, os protocolos de ensino à distância foram acionados a partir de 20 de março, após o decreto do governo do Estado de São Paulo. Assim, iniciou-se uma força tarefa com participação da diretoria, coordenação e corpo docente com foco no novo formato de ensino que seria estabelecido utilizando a tecnologia como principal ferramenta de aprendizagem.

Para Ladson Bruno Mendes, coordenador pedagógico da Alma, incluir esses materiais para a realização de interações práticas com os alunos é fundamental para o fortalecimento do vínculo e desenvolvimento do processo criativo. “Nunca poderíamos imaginar que a construção de um violino de papelão à distância poderia deixar os alunos mais motivados e até mais interessados em continuar aprendendo sobre música. Esse método comprovou que é possível sim inovar a didática e alcançar excelentes resultados”.

Núcleo 2

O núcleo de São Joaquim da Barra e Guará oferece cursos gratuitos de canto coral, violino, violoncelo, flauta, clarinete e percussão, são mais de 150 atendidas por ano, com idade de 6 a 12 anos. Este núcleo é uma parceria entre a academia e Usina Alta Mogiana que, por meio do projeto “Educando para o Futuro”, atende aos alunos das escola Sylvio Torquato Junqueira e Professor Creso Antonio Filetti (São Joaquim da Barra) e Adelaide Garnica (Guará).

Segundo Vera Lúcia Martins Guedes – Gerente de Gestão de Pessoas na Usina Alta Mogiana, a pandemia apresentou uma nova realidade a todos, incentivando a população a experimentar novos modelos, no convívio social, nas atividades corriqueiras e, principalmente, na maneira de encarar os percalços da convivência com um inimigo invisível e perigoso, que é o Covid-19. “Especificamente na educação, as famílias estão aprendendo mais sobre autodisciplina, novos modelos de interação e a necessidade de seguir em frente”, explica.

Vera ainda enfatiza que o desenvolvimento de competências e habilidades transcendem, inequivocamente, os “muros” da organização e que a capacidade de adaptação, a vontade e o amor ao trabalho podem ser determinantes nestes períodos atípicos. “Quando falamos das atividades continuadas da Alma, percebemos a rapidez a adaptação a esse “novo normal”, o formato digital permite interações ainda não imaginadas, e as inovações, mesmo à distância, resultam numa rica produção de conteúdo”, conclui.

Metodologia

Os professores do núcleo 2 estão alinhados para que essa metodologia adaptada realmente seja funcional para os alunos. De acordo com Lucas Oliveira professor de violino coletivo na cidade de Guará, essa experiência é desafiadora, mas o resultado é positivo, principalmente quando é comprovado o interesse dos alunos na construção desses instrumentos. “As aulas são elaboradas com antecedência, e nas gravações conseguimos ver os alunos com seus instrumentos finalizados, o que nos deixa muito orgulhosos com o esforço de todos”.

Paula Naime é professora de Flauta, também em Guará, e utilizou garrafas plásticas, lápis, papéis e canetas durante o processo de aulas à distância direcionadas ao núcleo 2. “Se as aulas fossem presenciais a flauta transversal seria utilizada, mas, em casa, usamos os recursos e materiais dos próprios alunos para conseguirmos nos aproximar dos sons dos instrumentos. Nas aulas de percussão, por exemplo, os alunos construíram um “Ganzá”, feito com garrafinha plástica e arroz (ou outro material).

Ricardo Bovo é professor de percussão no núcleo de Guará, e contou como essas construções ensinam “brincando”. “Neste instrumento improvisado aprendemos juntos sobre a execução de ritmos, podendo ser aplicado em turmas iniciantes, para o aluno entender os movimentos mais básicos, ou ainda em turmas intermediárias ou avançadas, para trabalhar uma rítmica mais complexa”, pontuou.