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História da música “Mestre Jonas”, no aniversário de Zé Rodrix

Cantor, compositor, multi-instrumentista, publicitário e escritor, Zé Rodrix foi um artista completo. Compositor de diversos sucessos, entre eles a canção “Mestre Jonas” – sobre a qual vamos saber a história nesta matéria especial – completaria 78 anos no dia de hoje, se não tivesse nos deixado em 2009.

Mais sobre Zé Rodrix

Nascido José Rodrigues Trindade, no Rio de Janeiro, em 25 de novembro de 1947, iniciou sua carreira musical no ensino médio (ainda com o nome artístico de Zé Rodrigues), integrando o grupo vocal Momento Quatro, que acompanhou Marília Medalha e Edu Lobo na apresentação de “Ponteio“, canção vencedora do Festival da Record de 1967. O grupo também gravou um compacto duplo e um LP pela gravadora Phillips

estudou no Conservatório Brasileiro de Música, onde tornou-se multi-instrumentista: tocava piano, violão, sanfona, flauta, bateria, saxofone e trompete. De 1970 a 1971, participou da banda Som Imaginário, criada para acompanhar Milton Nascimento, com quem chegou a lançar um disco pela gravadora Odeon.

Em 1971, Zé Rodrix venceu o Festival da Canção de Juiz de Fora, junto com o compositor Tavito, com a canção “Casa no Campo”, uma de suas composições mais famosas, que se tornou um grande sucesso na voz de Elis Regina, e cujo trecho da letra (“compor rocks rurais”) batizou o estilo de música conhecido como Rock Rural, com influências regionalistas, tropicalistas, folk, country e rock, tocada pelo trio do qual o artista passou a integrar logo em seguida, junto com Luiz Carlos Sá e Guttemberg Guarabyra: Sá, Rodrix e Guarabyra. 

Zé Rodrix integrou o trio de 1971 a 1973, quando lançaram dois álbuns. Foi nessa época, que compôs músicas de sucesso, como:

  • Mestre Jonas (em parceria com Sá e Guarabyra, canção sobre a qual vamos saber a história hoje)
  • Ama teu Vizinho (com Luiz Carlos Sá)
  • Blue Riviera (com Sá e Guarabyra)
  • O pó da Estrada (com Sá e Guarabyra)
  • Os anos 1960 (com Sá e Guarabyra)
  • Pendurado no vapor (com Sá e Guarabyra)
  • Primeira canção da Estrada (com Luiz Carlos Sá)

Uma carreira consolidada

Zé Rodrix seguiu em carreira solo em 1973, fazendo participações especiais em gravações de artistas diversos, como o disco de estreia do Secos & Molhados, no qual toca piano, ocarina e sintetizador na última faixa, chamada “Fala”. 

Lançou seu primeiro LP solo – “I Acto” – em 1973, e seu terceiro álbum -“Soy Latino Americano”, de 1976 – foi o primeiro a tornar-se bem-sucedido comercialmente. Na década de 1980, passou a se dedicar mais à área de publicidade do que à música, até que – em 1983 – passou a integrar o grupo Joelho de Porco, com o qual gravou dois LPs e participou do Festival dos Festivais em 1985, ganhando o prêmio de melhor letra pela música “A Última Voz do Brasil”. 

Entre 1989 e 1996, Zé Rodrix assinou a direção musical dos espetáculos “Não fuja da Raia” e “Nas Raias da loucura”, de Sílvio de Abreu, e do programa “Não fuja da Raia” (Rede Globo), todos estrelados por Cláudia Raia. Em 1993, foi contemplado com o prêmio Kikito, no Festival de Cinema de Brasília, pela trilha sonora do curta-metragem “Batiman e Robim”.

A volta com Sá & Guarabyra

Em 2001, Zé Rodrix reuniu-se novamente com Sá & Guarabyra, tendo seu show de estreia no Rock in Rio III. Logo após o lançamento do álbum “Outra Vez Na Estrada”, com o trio, no mesmo ano, conheceu o Clube Caiubi de Compositores, em São Paulo, e passou a desenvolver parcerias com novos autores da música brasileira, entre eles Sonekka e Reynaldo Bessa.

Compôs a trilha sonora de outros filmes e também publicou a “Trilogia do Templo”, série de livros sobre a maçonaria.

Zé Rodrix morreu por conta de um infarto – aos 61 anos – em maio de 2009, após sentir-se mal em sua casa em São Paulo e ser levado ao hospital. Antes disso, o último disco lançado por Sá, Rodrix & Guarabyra, foi “Amanhã“, de 2009.

A história de “Mestre Jonas”

Uma das composições de maior sucesso de Zé Rodrix – em parceria com e Guarabyra – é “Mestre Jonas”, lançada no segundo álbum do trio, “Terra“, de 1973.

Clássico do rock rural e da música brasileira, “Mestre Jonas” conta a história de um homem que vive em uma baleia por vontade própria, alegando estar comprometido com um papel que o mantém preso ali até o fim da sua vida. 

A letra pode ser encarada como uma metáfora para criticar o conformismo e a busca por segurança em vez da liberdade. Uma crítica a pessoas que se acomodam em uma rotina confortável, mas limitada, e que não se arriscam a explorar o mundo e a buscar novas experiências.

Lançada durante a ditadura militar brasileira nos anos 1970, a música ganha um significado ainda mais forte nesse contexto: a baleia simboliza um refúgio confortável, mas também uma prisão auto imposta. Jonas se isola do mundo e de seus conflitos, guardando “suas gravatas, seus ternos de linho” como sinais de uma vida formal, protegida, mas limitada. 

A canção faz referência à história bíblica de “Jonas e a Baleia”. Resumindo: o profeta Jonas recebe uma missão de Deus para profetizar em uma cidade chamada Nínive, mas não quer ir e decide fugir em um navio que ia para outra cidade. 

Acontece que uma tempestade mandada por Deus atinge o navio e Jonas pede aos marinheiros que seja atirado ao mar, para que – assim – a tempestade cesse. No mar, Deus envia uma baleia para salvar Jonas. Ele é engolido pela baleia, onde passa três dias e três noites e de onde só sai depois de se dizer arrependido e pedir perdão à Deus. 

Depois disso, Jonas vai à Nínive e leva a palavra de Deus aos moradores da cidade.

Acontece que na canção (Zé rodrix era Maçom e um grande leitor da Bíblia) o Mestre Jonas parece resignado e decide não sair da Baleia para fugir da loucura do mundo. Para ele, a Baleia era um lugar seguro, onde nunca iriam “incomodar seu silêncio e sua paz”. 

É algo que nos faz refletir: é melhor enfrentarmos o mundo de frente? Ou morarmos longe de tudo, isolados e conformados dentro da nossa própria Baleia, da nossa bolha de conforto e silêncio, evitando o enfrentamento à realidade e a busca por liberdade e autenticidade.

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