Uma ameaça invisível coloca em risco milhões de vidas todos os anos: a trombose, doença que ocorre quando coágulos se formam nas veias ou artérias e podem bloquear a circulação do sangue. Estima-se que um em cada quatro óbitos no mundo tenha relação com a trombose. “É um número que impressiona e reforça a urgência da conscientização”, destaca a cirurgiã vascular Dra. Andréa Klepacz.
Sintomas podem passar despercebidos
A trombose venosa profunda, tipo mais comum da doença, atinge principalmente as pernas. Sintomas como inchaço, dor, sensação de calor e mudança de cor na pele são sinais de alerta. No entanto, a médica alerta que “muitos casos evoluem de forma silenciosa, sem sinais evidentes, o que torna o diagnóstico precoce ainda mais desafiador”.
Entre os principais fatores de risco estão períodos prolongados sem se movimentar — como em viagens longas ou internações hospitalares —, cirurgias recentes, uso de anticoncepcionais, gravidez, obesidade, tabagismo e histórico familiar da doença. Pacientes em tratamento de câncer e pessoas com COVID-19 também precisam de atenção redobrada, já que “processos inflamatórios intensos favorecem a formação de coágulos”.
Para se ter uma ideia da gravidade, segundo dados da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, a trombose provoca mais mortes anuais do que a soma de câncer de mama, câncer de próstata, HIV/Aids e acidentes de trânsito. No Brasil, cerca de 180 mil novos casos são registrados por ano — e o número real pode ser ainda maior, diante da dificuldade de diagnóstico em algumas regiões.

Prevenção e tratamento
Apesar da alta incidência, prevenção e informação são as principais armas contra a trombose. “Manter-se ativo, evitar longos períodos sentado ou em pé, hidratar-se adequadamente e controlar fatores de risco como obesidade, tabagismo e sedentarismo são estratégias fundamentais”, orienta a especialista. Em situações específicas, como após cirurgias, viagens longas ou para pessoas acamadas, o uso de meias de compressão e, em casos selecionados, medicamentos anticoagulantes sob orientação médica podem ser indicados.
Quando identificada cedo, a trombose pode ser tratada com remédios para afinar o sangue, evitando o crescimento do coágulo e complicações. O acompanhamento médico é indispensável para ajustar o tratamento. “Já em casos avançados, quando ocorre embolia pulmonar, a situação se torna uma emergência médica que exige atendimento imediato”, explica a Dra. Andréa.
Informação é a melhor proteção
Reconhecer os fatores de risco, saber identificar os sintomas e adotar medidas preventivas são atitudes que salvam vidas. “A trombose não precisa ser uma sentença: com atenção e cuidados adequados, ela pode ser evitada e tratada de forma eficaz, preservando não apenas a saúde, mas também a vida de milhões de pessoas”, finaliza a médica.



