A sensação de cansaço constante se tornou uma das queixas mais presentes nos consultórios. Muitas pessoas relatam queda de energia, dificuldade de concentração e acreditam que uma vitamina pode resolver o problema. Mas o cansaço tem múltiplas origens e muitas delas passam despercebidas.
A desidratação é uma causa comum e pouco lembrada. Cerca de 70% a 75% do nosso corpo é composto por água, essencial para praticamente todas as funções do organismo. Quando a ingestão não é suficiente, o corpo perde eficiência e a sensação de fadiga aparece. Para facilitar o monitoramento, a forma mais simples é observar a cor da urina: quanto mais clara e abundante, melhor a hidratação. Manter garrafinhas por perto, não esperar sentir sede e criar o hábito de beber água após urinar são estratégias práticas que ajudam no dia a dia.
O estresse contínuo também desempenha um papel importante no esgotamento. Pressão profissional, acúmulo de tarefas, longas horas diante de telas e falta de pausas mantêm o organismo em estado de alerta prolongado, impedindo a recuperação adequada da mente e do corpo.
Além disso, descansar não significa apenas dormir. O corpo precisa de diferentes tipos de descanso ao longo do dia, cada um atuando em áreas distintas:
- Descanso físico: pausas, alongamentos e relaxamento muscular.
- Descanso mental: reduzir multitarefas, organizar pensamentos, estabelecer limites.
- Descanso sensorial: diminuir estímulos visuais, auditivos e digitais.
- Descanso emocional: expressar sentimentos, pedir apoio, evitar ambientes desgastantes.
- Descanso social: priorizar contatos que fazem bem e evitar interações que drenam energia.
- Descanso criativo: buscar inspiração em arte, natureza, leitura e hobbies.
- Descanso espiritual: conexão com propósito, valores pessoais e momentos de introspecção.
Quando esses descansos não acontecem, a sensação de exaustão persiste mesmo após uma noite completa de sono.
A Síndrome de Burnout que é esgotamento físico, mental e emocional relacionado ao trabalho também tem se tornado cada vez mais comum. Irritabilidade, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, lapsos de memória e sintomas físicos, como dor de cabeça e desconforto gastrointestinal, são frequentes e precisam de atenção.
A Apnéia do sono é outra causa relevante. Nesse distúrbio, a respiração é interrompida repetidas vezes durante a noite, impedindo que o sono seja reparador. Ronco, sonolência diurna, falhas de memória e dor de cabeça matinal são sinais importantes de alerta.
Em meio ao cansaço persistente, cresce também a busca por soluções rápidas, incluindo o uso inadequado de hormônios e anabolizantes. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) alerta que o uso dessas substâncias para fins estéticos ou para “aumentar energia” não tem base científica e pode trazer riscos graves, como infertilidade, atrofia testicular, hepatotoxicidade, alterações psiquiátricas, dependência e aumento de arritmias, trombose, infarto do miocárdio e até morte súbita.
Segundo o posicionamento oficial, esse uso inadequado se tornou um problema relevante de saúde pública. 
Quando o cansaço se torna persistente, interfere no cotidiano ou vem acompanhado de irritabilidade, alterações do sono, lapsos de memória ou mudança de humor, é essencial buscar avaliação médica. Identificar a causa é o primeiro passo para o tratamento adequado.
O corpo dá sinais. Priorizar hidratação, pausas, sono, saúde mental e escolhas seguras é fundamental para recuperar energia e evitar riscos desnecessários.



