Enquanto líderes mundiais se reúnem em cúpulas para debater o futuro do planeta, é nas nossas escolas públicas que as soluções reais e concretas estão germinando.
Duas dessas soluções foram as grandes vencedoras do Prêmio Escolas Sustentáveis de 2025, uma iniciativa da Fundação Santillana e OEI (Organização de Estados Ibero-Americanos). A Creche Municipal Magdalena Arce Daou, de Manaus (AM), e a Escola Estadual Brasil, de Limeira (SP), receberam o prêmio de R$17,5 mil cada, por projetos inovadores em soluções climáticas. E o objetivo da premiação é simples, mas vital: incentivar práticas sustentáveis e transformar as salas de aula em um terreno fértil para desenvolver soluções concretas e realistas para os desafios socioambientais que já estamos vivenciando.
Nos projetos apresentados pelos alunos, os temas abordados foram desde o combate à dengue até o reaproveitamento criativo de resíduos. A Escola Estadual Brasil, por exemplo, apresentou o AquaTerraAlert, onde estudantes desenvolveram um sistema inédito de alerta antecipado para enchentes e deslizamentos. “Nosso projeto surgiu quando eu vi uma notícia que Limeira fazia parte da área de risco para deslizamento e enchente. E eu levei a proposta para os alunos, a gente começou a pensar em soluções para tentar minimizar um pouco o problema”, conta a professora Nayra Rafaela Vido. O sistema monitora em tempo real o nível da água e a saturação do solo, emitindo sinais visuais e sonoros para alertar a comunidade sobre riscos iminentes.
E aqui reside o paradoxo mais doloroso do nosso tempo. Ao mesmo tempo que vemos soluções criativas e de impacto social vindas das novas gerações, a COP30, realizada no último mês em Belém, no Pará, encerrou-se sem apresentar um caminho claro para o fim dos combustíveis fósseis ou o desmatamento. Presenciamos as lideranças mundiais brincarem de resolver problemas, entregando resultados que deixam a desejar para o futuro da vida na Terra.
A chama da ambição, que se apaga nas mesas de negociação dos líderes, é reacendida pela genialiadde dos jovens que reivindicam o protagonismo na luta ambiental. Eles demonstram consciência climática e criatividade ao apresentar soluções inovadoras, escancarando a falta de vontade e a ambição insuficiente dos países que mais contribuem para o desequilíbrio global.
Se as autoridades não se comprometem com soluções eficazes para a proteção do planeta e a manutenção da vida humana como a conhecemos, nas escolas a esperança ainda germina. Ali, busca-se a formação de cidadãos conscientes e resilientes, capazes de garantir um futuro mais sustentável. Compreender o problema de forma interdisciplinar e intervir no próprio território são caminhos iniciais para garantir o letramento científico e preparar futuras gerações para cobrar uma postura mais ativa dos líderes políticos.
Sem se render à narrativa do fim do mundo, encontramos nos jovens a chama para mantermos acesa a esperança de que um futuro sustentável é possível. Iniciativas como o Prêmio Escolas Sustentáveis se consolidam como um exemplo a ser seguido: é uma educação comprometida com a preservação ambiental e com a responsabilidade de consertar o que a geração anterior danificou.



