Clementina de Jesus é mais que uma cantora. É o elo mais forte entre o Brasil e suas raízes africanas. Sua voz profunda, ancestral, cortante carrega séculos de memória que sobreviveram à escravização, à perseguição às culturas de matriz africana e ao silenciamento imposto à população negra.
Descoberta aos 63 anos, Clementina transformou a música brasileira ao trazer para o palco os cantos de trabalho, os jongos, os vissungos, as ladainhas e os batuques preservados oralmente em comunidades negras. Era como ouvir a própria história brasileira voltando à vida.
Seu impacto é incomparável. A partir dela, Clara Nunes mergulha nos repertórios de terreiro; João Bosco ressignifica ritmos afro-brasileiros; Elza Soares encontra novos caminhos de expressão; Leci Brandão se reconhece na força da voz ancestral. Muitos artistas contemporâneos como Luedji Luna, Liniker, Xênia França, Teresa Cristina e Fabiana Cozza assumem Clementina como matriz de criação.
Clementina não é passado. É estrutura. Seu legado vive em cada tambor, em cada canto coletivo, em cada artista que se conecta à ancestralidade. Ela é a mãe da música negra brasileira e sua presença continua guiando o país.




