Em uma tarde marcada por tumulto e tensão política, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados em protesto contra sua iminente cassação e contra a pauta que reduz penas de envolvidos na trama golpista. Menos de uma hora depois, ele foi arrancado à força por agentes da Polícia Legislativa, enquanto a TV Câmara teve sua transmissão cortada e jornalistas foram retirados do plenário, impedindo o registro completo da cena. O episódio expôs o crescente acirramento entre governo e oposição e levantou críticas sobre transparência, liberdade de imprensa e tratamento desigual a parlamentares.
Aliás, a tarde desta terça-feira (9) se transformou em um dos episódios mais tensos recentes no Congresso. A ação de Glauber foi anunciada como um protesto direto:
“Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário.”
Segundo o parlamentar, a cassação tem motivação política e faz parte de um “pacote golpista”, que incluiria também a votação para reduzir penas de envolvidos nos atos antidemocráticos.
Retirada à força
Menos de uma hora após o início da ocupação, agentes da Polícia Legislativa Federal entraram no plenário e retiraram Glauber à força. Vídeos gravados por deputados — já que a imprensa havia sido expulsa — mostram o momento em que parlamentares aliados tentam segurá-lo na cadeira, sem sucesso. O deputado deixou o plenário com as roupas rasgadas e visivelmente machucado.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) relatou durante a confusão:
“Ele está sendo retirado carregado da mesa por força de segurança.”
Glauber foi levado para o Salão Verde, onde falou à imprensa ao lado de parlamentares governistas.
Críticas ao presidente da Câmara
Fora do plenário, Glauber acusou Hugo Motta de agir com dois pesos e duas medidas. Ele citou o episódio de agosto, quando deputados de direita ocuparam a mesa diretora por cerca de 48 horas sem sofrerem retirada forçada ou punições.
“Com os golpistas que sequestraram a mesa, sobrou docilidade. Agora, com quem não entra no jogo deles, é porrada.”
Ele afirmou ainda que lutará “até o último minuto” para impedir retrocessos democráticos.
Transmissão cortada e imprensa barrada
Assim que a cadeira foi ocupada, a TV Câmara desligou imediatamente a transmissão ao vivo, e profissionais da imprensa foram retirados do plenário, impedidos de registrar toda a ação. Até o momento, não há confirmação se a ordem partiu diretamente de Hugo Motta.
Após críticas, o presidente da Câmara declarou nas redes sociais que Glauber “desrespeitou a instituição” e que determinou apuração sobre possíveis excessos contra a cobertura da imprensa.
Sessão retomada
Depois da retirada de Glauber, Hugo Motta retomou a sessão. A pauta do dia mantinha duas votações aguardadas: o projeto que reduz penas de envolvidos na trama golpista e a proposta sobre devedores contumazes.
O que aconteceu — ponto a ponto
- Glauber Braga protesta ocupando a cadeira da presidência da Câmara.
- Hugo Motta havia pautado sua cassação e votações ligadas à dosimetria de penas de golpistas.
- Menos de uma hora depois, o deputado é retirado à força pela Polícia Legislativa.
- TV Câmara corta a transmissão no início da ocupação.
- Jornalistas são expulsos do plenário e impedidos de registrar a ação.
- Deputados aliados tentam impedir a retirada de Glauber; roupas do parlamentar ficam rasgadas.
- No Salão Verde, Glauber acusa Motta de aplicar tratamento desigual a deputados de direita que ocuparam a mesa em agosto.
- Parlamentar diz que sua cassação integra um “pacote golpista”.
- Motta reage nas redes, acusa o deputado de extremismo e promete apurar excessos contra a imprensa.
- Sessão é retomada com votações previstas ainda para o mesmo dia.



