A pandemia de covid-19 está causando vários impactos na humanidade, deixando sequelas econômicas, físicas e, principalmente, emocionais. Para auxiliar pessoas comuns no enfrentamento de crises nervosas e de ansiedade, uma equipe da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP acaba de lançar a cartilha eletrônica Promoção da Saúde Mental em Pandemias e Situações de Desastre.
O material foi pensado para incentivar o autoconhecimento, o reconhecimento das próprias emoções e as das pessoas próximas e a busca por ajuda profissional, caso necessário. Com textos simples e ilustrações, a cartilha oferece ferramentas práticas para auxiliar os indivíduos a lidar melhor com o estresse e o medo, principalmente em períodos marcados por desastres e pandemia. O objetivo é amenizar sofrimentos e os impactos negativos que podem ter repercussões a curto, médio e longo prazo.
As ferramentas servem tanto aos que se sentem afetados psicologicamente quanto para orientar primeiros socorros a pessoas próximas necessitadas de apoio. Como um manual, a cartilha indica maneiras de reconhecer sentimentos negativos e necessidades de um indivíduo, de incentivá-lo a falar sobre o que sente e de motivar a procura de um profissional psiquiátrico.
Cada capítulo apresenta uma ferramenta diferente, abordando resiliência, autoconhecimento, cultivo de emoções positivas e resolução de problemas. No conjunto, “a cartilha ajuda o leitor no processo de recuperação de sua saúde mental”, afirma a professora da EERP Kelly Graziani Giacchero Vedana, responsável pelo desenvolvimento do livro eletrônico.
Em busca do bem-estar
A publicação é dividida em 11 partes. Confira alguns exemplos de conteúdos abordados que ajudam no processo de autoconhecimento e bem-estar
O primeiro capítulo da publicação explica como promover o acolhimento inicial à uma pessoa em situação de crise emocional e se baseia em cinco ações: reconhecer sentimentos, incentivar a pessoa a falar, articular uma rede de apoio, promover cuidados e obter ajuda profissional. “É preciso saber que segurança, compreensão, respeito e empatia são essenciais para apoiarmos uma pessoa em situação de crise ou sofrimento”, escrevem as autoras.
Essa parte da publicação tem o objetivo de facilitar o reconhecimento de sentimentos e emoções vivenciados para a busca de bem-estar e desenvolvimento pessoal. A ideia é que a pessoa desenvolva sua própria luneta das emoções que vai ajudá-la a realizar ações para lidar com os sentimentos identificados. Depois de estar consciente dos sentimentos, os outros capítulos vão orientar sobre estratégias de enfrentamento.
O Plano de Gestão de Crises auxilia a identificação de estressores e ações para promover bem-estar, redução de comportamentos de risco e incentivo à busca por ajuda em momentos de crise. O plano tem quatro partes: na primeira a pessoa identifica os sinais que sente quando não está bem; na segunda há opções de como recuperar o bem-estar; a terceira ajuda a identificar uma crise; e a última tem opções sobre o que fazer num desses momentos.
Linguagem mais próxima do leitor
A professora Kelly conta que, após poucos meses do início da pandemia, percebeu a necessidade da população de materiais que servissem de auxílio no enfrentamento de crises. Como sabia da existência de manuais e cartilhas com o mesmo intuito, decidiu buscar algo com uma linguagem mais próxima do leitor, que se comunicasse de maneira mais informal e íntima.
“Nós queríamos trazer uma contribuição diferente”, afirma Kelly, dizendo que o material deveria passar uma sensação de leveza e apresentar “ferramentas que assistissem o leitor a lidar com algumas situações de maneira melhor durante o período de quarentena”.
Apesar da cartilha ser apresentada como auxílio para autopercepção de emoções, com recomendações sobre o tratamento da saúde mental, seu objetivo não é substituir a ajuda profissional, “ela complementa e facilita a compreensão sobre saúde mental”, acrescenta a professora. Ao final do material, o leitor encontra números de telefone que podem ser úteis durante o tratamento.
Para promover a cartilha, a EERP vem realizando oficinas e palestras virtuais que apresentam algumas das estratégias contidas no material para os profissionais e para o público. Essas informações também podem ser encontradas na página do Facebook do Centro de Educação em Prevenção e Posvenção do Suicídio (CEPS).
A publicação tem o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.