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Cirurgias cerebrais com o paciente acordado ampliam segurança e preservam funções vitais

A cena pode parecer saída de um filme: um paciente acordado em plena cirurgia cerebral, conversando, movendo braços e reconhecendo imagens enquanto a equipe médica atua. Mas essa técnica – conhecida como cirurgia desperta ou awake craniotomy – está transformando a neurocirurgia moderna e se consolidando como uma das abordagens mais seguras para operações em áreas sensíveis do cérebro.

O princípio é simples e essencial: ao manter o paciente consciente durante a etapa crítica da operação, o cirurgião consegue monitorar em tempo real funções como fala, memória e movimento. “Quando o paciente interage no centro cirúrgico, conseguimos identificar exatamente as regiões que precisam ser preservadas”, explica o neurocirurgião Cesar Cimonari de Almeida. A técnica funciona como um “mapa vivo” do cérebro, aumentando a precisão e reduzindo o risco de sequelas neurológicas.

Como funciona a cirurgia desperta

O procedimento é planejado com rigor. O paciente recebe anestesia local para não sentir dor na abertura do crânio, mas é mantido acordado durante os testes funcionais. Em diálogo com a equipe, ele fala palavras, conta números, move membros ou reconhece figuras. Se qualquer alteração é percebida, o cirurgião ajusta imediatamente sua estratégia para evitar danos a áreas essenciais.

As principais indicações incluem tumores próximos às regiões responsáveis pela linguagem e movimento – como os gliomas – além de algumas cirurgias para epilepsia. Estudos mostram que essa abordagem permite remover uma maior extensão do tumor com menor risco de complicações como perda permanente da fala, paralisia ou prejuízos cognitivos.

Avanços, resultados e impacto humano

Nos centros de referência, a cirurgia desperta tem se traduzido em recuperação mais rápida e preservação funcional superior quando comparada às técnicas tradicionais. Muitos pacientes recebem alta em poucos dias e retornam às atividades cotidianas em menos tempo.

Além da precisão técnica, o impacto emocional é significativo. Embora a ideia impressione inicialmente, a experiência costuma trazer sensação de protagonismo e segurança. Equipes multidisciplinares – que incluem neurocirurgiões, anestesiologistas, fonoaudiólogos e psicólogos – preparam o paciente cuidadosamente, tornando o processo menos assustador e mais colaborativo. “A participação ativa do paciente cria uma atmosfera de confiança e contribui diretamente para o sucesso da cirurgia”, afirma Cimonari.

O futuro aponta para avanços ainda maiores, com integração de realidade aumentada, navegação por imagem em tempo real e inteligência artificial para aumentar a precisão cirúrgica. Mais do que inovação tecnológica, trata-se de uma mudança de paradigma na neurocirurgia: colocar o paciente no centro do cuidado, ajudando a preservar suas próprias funções vitais.

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