Professores da rede estadual de ensino de São Paulo decidiram nesta sexta-feira (5) entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (8) contra a volta presencial às aulas. A medida foi aprovada pelo Sindicato dos Professores (Apeoesp) e vale também para Ribeirão Preto.
Segundo a Apeoesp, 91,7% dos que votaram na assembleia virtual promovida pela Apeoesp nesta sexta-feira definiram pela paralisação. O início das aulas ocorreria na segunda-feira, com revezamento entre aulas presenciais e online.
A Apeoesp defende que as escolas só reabram após a vacinação dos profissionais da educação e divulgou 147 casos infecção por Covid registrados até o momento em escolas com algum tipo de atividade presencial.
“Em Ribeirão, até a prefeitura reconheceu o risco e adiou a volta às aulas para março. Não tem sentido algum o retorno presencial em escolas sem funcionários e estrutura adequada”, afirma Fábio Sardinha, diretor estadual do sindicato.
Ainda segundo Sardinha, a decisão visa preservar a saúde dos professores, alunos e familiares. “Por isso, permaneceremos com o trabalho remoto, diferentemente de outras paralisações, pois aprendizagem se recupera, vidas não”, informou.
Outro lado
Já o governo João Doria (PSDB) afirma que as escolas da rede foram equipadas para dar segurança a alunos e educadores e argumenta que o retorno presencial é essencial diante das lacunas de aprendizagem e dos problemas de saúde mental decorrentes do ensino remoto.
Em oportunidades anteriores, o governo estadual informou que investiu para melhorar as condições de aula e que as escolas estarão preparadas para seguir os protocolos de segurança.
Realidade
Não é o que se vê, entretanto, em escolas estaduais visitadas pela reportagem. Em reunião com pais de alunos que iriam voltar às aulas na sexta-feira, uma gestora de escola na Vila Tibério informou que, na unidade, as merendeiras estão todas afastadas e que, com isso, os alunos teriam que levar alimentos de casa.
Na mesma escola, há apenas um agente escolar – os antigos serventes – aptos a trabalhar e que muitos professores, por serem grupo de risco, não iriam voltar às atividades.
Em uma outra escola estadual da zona Norte, a situação é parecida. Não há merendeiras e, de quatro serventes, apenas dois estão aptos ao trabalho. “Temos muito álcool em gel, muitos recursos materiais, mas recursos humanos estão esparsos”, disse uma coordenadora pedagógica, também em reunião com pais.