Rio Grande do Sul, Goiás, França, Portugal. Qual o destino mais interessante? Para a turismóloga Ivane Fávero, de 52 anos, e o advogado Rômulo Freitas, de 69, a resposta vem muito fácil. “O melhor destino é aquele que está por vir”, costumam dizer.
O casal gaúcho está junto há 12 anos e é apaixonado por viagens. Uma predileção que os dois resolveram compartilhar no blog Viajante Maduro, que serve como fonte de inspiração e incentivo para quem está na mesma faixa etária que eles.
A ideia partiu de Ivane. “Depois de trabalhar 30 anos com turismo, saí da gestão pública e decidi que era o momento de mudar de estilo de vida”, diz.
O casal se preparava para a primeira grande viagem junto, um passeio de dois meses pela Europa, e resolveu buscar dicas na internet. Foi quando veio a decepção: a maioria dos blogs dava dicas de destinos para mochileiros jovens ou casais com crianças. “Qualquer coisa para pessoas maduras era com referências a muitos cuidados, lembrete de medicamentos, passeios em grupos… Não tinha ninguém falando de uma maturidade ativa”, recorda a turismóloga.
Em 2016, eles criaram o blog reunindo experiências turísticas na perspectiva da maturidade. “A ideia é não só viver a nossa verdade, mas inspirar outras pessoas a perceberem que envelhecer pode não ser tão ruim”, comenta Ivane. “Além de ser uma forma de guardar as memórias das viagens”, completa Rômulo.
Pós-pandemia
De lá para cá, eles rodaram incontáveis quilômetros. Destinos no Rio Grande do Sul, perto de casa, um roteiro por Itália, França e Portugal, uma road trip pelo norte da Argentina, Uruguai e Chile, e outra pelo Brasil, na qual saíram de casa e visitaram Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
Esta última foi a primeira viagem depois da pandemia da covid-19. Ivane e Rômulo contam que tiveram de reaprender a forma de viajar. “Foi muito especial porque testamos todos os protocolos”, conta Ivane. Segundo o casal, tomando os cuidados necessários, a experiência da viagem permanece a mesma.
Ivane é a responsável por planejar os roteiros. Rômulo até dá algumas ideias, mas é ela quem decide, no final das contas. Nas viagens pessoais, eles reservam as passagens e organizam tudo sozinhos. Para os que não têm tanta prática, no entanto, recomendam o uso de agências.
“A gente costuma comprar receptivos (passeios pontuais nas cidades que visitam), contratar guias locais”, explica a turismóloga. “Eu oriento que os leitores tenham uma relação com a agência, mas que discutam qual tipo de viagem querem fazer.”
O planejamento adequado reduz o risco de problemas, mas uma ou outra coisa pode dar errado. Como eles lidam com essa possibilidade? “Perrengues acontecem, mas a gente acredita muito que o mundo é bom e procura não se estressar porque não vale a pena”, dizem. “E se algo não deu certo, tudo bem, a gente tem a história.”
Segundo Ivane, os leitores do blog e os seguidores do Instagram costumam falar que os dois são corajosos de ganhar o mundo juntos. Mas eles garantem que a questão não é essa. “As pessoas têm muito medo de viajar e nos chamam de corajosos, mas nós não nos colocamos em risco”, conta Ivane.
Eles incentivam que os leitores façam o mesmo e procurem um destino para visitar, seja sozinhos, acompanhados ou em grupos. Também dão dicas para aqueles momentos de dúvida em que é preciso tomar a decisão sobre o lugar a conhecer. A principal indicação do casal é buscar um destino que combine com o que a pessoa quer ter de experiência.
Sonhos à frente
E qual é o melhor destino mesmo? O próximo. As viagens que eles farão a seguir já estão definidas. Em janeiro, se preparam para realizar o sonho de conhecer o sul da Argentina. Na sequência, partem para uma viagem de 90 dias pela Europa, onde devem visitar mais cidades italianas e a Grécia, desta vez acompanhados por toda família, 21 pessoas ao todo, para celebrar os 70 anos de Rômulo.
O casal não para por aí. Austrália, Nova Zelândia e sudeste Asiático estão na fila. “Ainda tem muito mundo para correr”, brincam os dois, que estão prestes a estrear uma série no YouTube com destinos do Rio Grande do Sul.
Para Ivane, viajar faz parte do processo de envelhecer bem, aceitando a finitude da vida e a decadência do corpo, mas também com alegria. “Cada ruga é um dia a mais que estou viva e podendo viver mais nesse mundo.”
Agência Estado