Com recorde na casa dos 95,54% para a taxa de ocupação em leitos de UTI para Covid-19, registrado nesta quinta-feira (20) na plataforma leitoscovid.org, Ribeirão Preto tem fila de espera com 148 pacientes aguardando por um leito, de acordo informação confirmada pela Secretaria de Saúde nesta quarta-feira (19). Diante do cenário, a prefeitura mantém o comércio aberto até o final de maio, mesmo com índices piores do que na época do lockdown.
Quatro cidades da região optaram por uma escolha diferente de Ribeirão. Enquanto Bebedouro, Franca e Brodowski adotaram medidas mais restritivas para impedir o avanço da doença nas cidades, Batatais optou por um lockdown de 17 dias. Já o prefeito Duarte Nogueira anunciou que pretende permanecer na fase de transição do Plano São Paulo até o dia 31 de maio.
A decisão vem num momento em que a cidade tem índices piores do que na época do lockdown, quando registrava 57 mil casos da doença e 1.336 óbitos decorrentes da Covid-19 e teve ainda recorde de 20 mortes registradas em um Boletim Epidemiológico.
Agora, a cidade tem 75,5 mil casos e um total de 2.035 mortos desde que a pandemia começou. Em cinco meses, a cidade já registrou 97,4% do total de mortes de todo o ano anterior, foram 1.008 óbitos por Covid-19, contra 1.043 em 2020. Somente na última terça-feira (18), a cidade se aproximou do número recorde de mortes para 24h.
Espera
Enquanto hospitais públicos e privados da cidade se aproximam do limite de ocupação, ao menos 148 pacientes esperam por uma vaga, segundo a Secretaria da Saúde. Desses, 128 têm confirmação ou suspeita de Covid-19 e outros seis estão intubados. Na manhã desta quinta-feira (20), a porcentagem de ocupação chegou aos 95,54% em hospitais públicos, com 150 leitos ocupados em um total de 157. Já na rede de atendimento particular, a taxa foi de 88,37%, com 114 dos 129 leitos disponíveis ocupados.
Em unidades como o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a Santa Casa de Misericórdia, o Hospital Santa Lydia, a Unimed e a UPA Central, 100% de todos os leitos disponíveis em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19, já estão ocupados.
No vídeo abaixo é possível ver a quantidade de pessoas na fila de espera, confira:
Preocupação
Com a alta na ocupação de leitos e o aumento no número de casos, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp) do estado de São Paulo divulgou uma pesquisa, na última terça-feira (18), onde relatou preocupação com a falta de insumos para o cuidado com os pacientes em UTIs.
Sobre Ribeirão Preto, o presidente da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp), Yussif Ali Mere Jr, afirmou que o percentual da vacinação da população ainda é muito baixo para relaxar as restrições de circulação com segurança.
Afirmou ainda que, “o cenário de hoje, comparado com meses atrás, é de exaustão física e emocional dos profissionais de saúde, desde o pessoal de UTI até à recepção das unidades de saúde, sem contar a falta de profissionais em todos os setores. Os hospitais precisam de tempo para se organizarem a fim de se prepararem para receber novos doentes”.
Quem também se pronunciou sobre o assunto, na segunda-feira (17), foi a Secretaria da Saúde de Ribeirão. Em nota, a pasta afirmou estar preocupada com “um crescimento muito acentuado na chegada de novos casos, bem como nas internações e, principalmente na gravidade dos casos” que chegaram às UTIs durante o final de semana.
A Saúde, afirmou ainda que o aumento foi proporcional à maior circulação de pessoas nas ruas, além do número de aglomerações nos últimos 15 dias e jogou para o desrespeito da população às medidas sanitárias estabelecidas em Ribeirão Preto a responsabilidade pela situação. “Mais uma vez, o sistema de saúde, público e privado, encontra-se sobrecarregado em Ribeirão Preto, com o agravante do aumento também consistente em toda a DRSXIII”, disse.
Na nota, a Prefeitura pediu ainda que os moradores respeitem o uso de máscara e a higienização das mãos, além “da colaboração de todos para evitarem aglomerações, para com estas medidas, possamos avançar na vacinação na nossa cidade”.