O Brasil chegou à marca de 500 mil mortos por Covid-19, neste sábado (19), e se aproxima dos 18 milhões de casos confirmados da doença. O índice dá ao país o 2º lugar no ranking de números absolutos de vítimas e o 8º no ranking mundial de mortes por milhão de habitantes, com mais de 2,3 mil óbitos.
O registro ocorre 15 meses após o primeiro caso da doença ter sido confirmado no país, em 17 de março de 2020. Foram precisos 25 dias para que o país atingisse a marca de mil vítimas da Covid-18, em 11 de abril, e cinco meses para alcançar 100 mil mortes pela doença, em 8 de agosto.
Neste ano, o país precisou de apenas 51 dias para registrar 100 mil mortes e superar as 400 mil vítimas registradas em 29 de abril. Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) ressaltou ainda que, do meio milhão de mortes, 300 mil ocorreram apenas nos últimos cinco meses.
“Somos o segundo país em números de óbitos diários. Estamos atrás apenas da Índia com seus 1,3 bilhão de habitantes. Dados reunidos pela Universidade de Pelotas também não deixam dúvidas. O Brasil, com 2,7% da população mundial, detém 12,8% dos óbitos por Covid-19 no mundo. Enquanto a proporção de mortes por Covid-19 no mundo é de 488 por milhão de habitantes, aqui é de 2.293”, disse.
Para o Conass, o país enfrenta duas crises: a do vírus e a da ignorância, que expõem mais pessoas ao risco de contágio e dificultam as estratégias de prevenção da doença. “Sofremos com a alta ocupação de leitos de UTI e com a escassez de medicamentos para intubação, o que aumenta ainda mais a pressão sobre os trabalhadores de saúde”, complementa a nota ao ressaltar que o número de casos novos voltou a crescer.
Novos casos
Além do recorde de mortes, o país também se aproxima de um novo marco de casos confirmados da doença. De acordo com Boletim Epidemiológico, divulgado pelo Ministério da Saúde, neste domingo (20), com 17,9 milhões de casos confirmados da doença, o país se aproxima dos 18 milhões de casos desde que a pandemia começou.
De acordo com o Ministério, 44,1 mil novos foram registrados apenas em 24 horas. O estado de São Paulo permanece com o maior número de confirmados desde o início da pandemia, com 3,5 milhões de casos e 122 mil óbitos. Em seguida estão Minas Gerais (1,7 milhão de casos e 44,5 mil óbitos); Paraná (1,2 milhão casos e 29,9 mil óbitos) e Rio Grande do Sul ( 1,1 milhão de casos e 30,4 mil óbitos).
Repercussão
No sábado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, divulgou nas redes sociais, uma nota na qual lamenta o número. “500 mil vidas perdidas pela pandemia que afeta o nosso Brasil e todo o mundo. Trabalho incansavelmente para vacinar todos os brasileiros no menor tempo possível e mudar esse cenário que nos assola há mais de um ano”, disse.
Em carta aberta, o Médicos Sem Fronteiras disse condenar “com indignação” o que chamou de “descaso” à emergência sanitária no Brasil. Segundo a entidade, o país “vive em um estado de luto permanente”. A organização destaca que estudos previam os impactos que a pandemia teria sobre o sistema de saúde e que esta atingiria, de maneira “mais cruel”, as populações negra e indígena, migrantes e refugiados.
“Como organização médica, é nossa obrigação esclarecer que muitas dessas mortes poderiam ser evitáveis. A insistente recusa em colocar em prática medidas de saúde pública baseadas em evidências científicas, como o distanciamento social e o uso de máscara, mesmo para quem já foi vacinado ou teve a doença, segue resultando na morte prematura de muitas pessoas e aumentando o risco do surgimento de novas variantes”, diz a carta do Médicos Sem Fronteiras.
Em nota divulgada neste sábado, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, disse que se solidariza com as famílias das vítimas e que o tribunal e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) “seguem empreendendo esforços para ajudar a sociedade brasileira a mitigar os impactos desta terrível pandemia”. “É preciso relembrar a cada dia que não são apenas números. São mães, pais, filhos, irmãos. Meio milhão de pessoas que partiram e tiveram seus sonhos interrompidos”, destacou Fux.
Pelas redes sociais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que o foco deve ser na prevenção. “Meus sinceros sentimentos às 500 mil famílias brasileiras que perderam alguém para a covid-19. Uma enorme tristeza nacional. Vamos manter o foco na prevenção e na vacina para todos.”