Imagine a seguinte cena: um espaço cheio de objetos sem valor e utilidade, sujos e desorganizados, de forma exagerada e prolongada. “Isso é normal e comum em pessoas com síndrome de Diógenes, causando uma enorme deterioração pessoal e social em suas vidas”, segundo a psicóloga Thaís Alves, da clínica Core Psicologia.
A síndrome de Diógenes é um transtorno que tem como característica o acúmulo. As pessoas que padecem dela coletam e armazenam uma grande quantidade de pertences e posses, dos mais variados tipos, criando verdadeiros entulhos em suas casas. Elas não conseguem se desapegar e se livrar desses objetos, de modo que acumulam mais e mais.
Para a psicóloga, a síndrome é pouco conhecida e não é tão fácil de ser identificada. “Caracteriza-se por descuido extremo com a higiene pessoal, negligência com o asseio da própria moradia, isolamento social, suspeição e comportamento paranoico, sendo frequente a ocorrência de colecionismo. Não é tão fácil identificá-la, pois você precisa estar com a pessoa constantemente para identificar essas mudanças”.
A síndrome acomete, em especial, pessoas idosas, mas pode começar antes disso. A incidência anual é de 5/10.000 entre aqueles acima de 60 anos, e pelo menos a metade é portadora de demência ou algum outro transtorno psiquiátrico.
Avaliação e intervenção
A maior prioridade do tratamento é avaliar o estado de saúde da pessoa e complicações decorrentes da falta de alimentação e higiene. Cada caso é único e por isso é importante fazer uma avaliação para definir a melhor forma de intervenção.
“Nos casos em que essa síndrome é agravada por outros distúrbios, como a depressão ou um transtorno psicótico, é necessário aplicar estratégias psicológicas e farmacológicas – orientadas por especialistas. Muitas vezes, é necessário o uso de medicamentos para melhorar o humor”, reforça a psicóloga.
O tratamento é multidisciplinar, avaliando diferentes aspectos dos comportamentos e tratando possíveis doenças psiquiátricas de base que estejam presentes. “O tratamento acontece oferecendo suporte social e familiar, tratando a saúde física, avaliando a capacidade do indivíduo de cuidar de si mesmo e de uma casa de forma independente”, finaliza.
Principais sintomas/sinais
• Acúmulo de objetos;
• Isolamento;
• Tendência agressiva;
• Rejeição de ajuda;
• Irritabilidade;
• Falta de higiene pessoal e do ambiente.