O Hospital das Clínicas confirmou, nesta segunda-feira (23), oito casos de contaminação pela nova variante Delta do Coronavírus em Ribeirão. A informação foi divulgada, após análises do Hemocentro que confirmaram a presença da nova cepa na cidade.
De acordo com as informações, as vítimas possuem idades de 26 a 90 anos, são de sete famílias diferentes e todos eles receberam ao menos primeira dose da vacina contra a Covid-19. Entre os pacientes estão três homens e cinco mulheres.
Em coletiva de imprensa, os professores Benedito Fonseca e Rodrigo Calado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) e a chefe do Departamento de Vigilância em Saúde, Luzia Romanholi Passos, informaram que todos os pacientes tiveram quadro clínico leve e não precisaram de internação. Além disso, apenas um está em período de transmissibilidade do vírus e cumpre quarentena.
Segundo Passos, a cidade iniciou uma triagem na rede de contatos dos pacientes que tiveram os casos de variante Delta confirmados para que todos cumprissem isolamento social, por medidas de segurança. “Independentemente de ser vacinado ou não, é possível transmitir o vírus. Temos que lembrar que a grande proteção contra a doença depende de duas doses. E hoje, no Brasil, temos cerca de 26% de pessoas vacinadas”, disse Fonseca.
Transmissão comunitária
Durante a coletiva, os três especialistas afirmaram ainda que todos os dados levam a crer que a cidade já conta com transmissão comunitária e autóctone, ou seja, não é possível identificar a origem da transmissão, que pode ter ocorrido dentro da cidade. Isso porque as 30 amostras analisadas foram coletadas de maneira aleatória, vindas do Supera Parque.
“Mesmo sendo um número pequeno de amostras, proporcionalmente podemos ser o segundo do estado”, disse Fonseca. Já que, aproximadamente uma em cada quatro amostras deram positivo para Delta.
Com base nos dados, os médicos acreditam que a profissional de saúde de Ribeirão – primeiro caso de Delta confirmado na região – pode ter sido contaminada na cidade, mesmo sendo moradora de Serrana.
Variante Delta
Identificada pela primeira vez em outubro de 2020, na Índia, a variante Delta já está em mais de 100 países, incluindo o Brasil. A nova mutação é pelo menos 60% mais transmissível do que a variante Alfa – detectada no Reino Unido – que, por sua vez, é 60% mais transmissível do que o vírus original, encontrado em Wuhan, na China, de acordo com pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Para os especialistas, com a alta transmissibilidade, a cidade pode reviver um novo aumento de casos em breve. Aliado a isso, os pesquisadores ainda preveem que o cenário pode ser amplificado pela subnotificação. A hipótese trabalhada é de que as pessoas deixarão de procurar o serviço de saúde, em razão do desenvolvimento leve dos quadros clínicos.
Para o professor Domingos Alves, da Universidade de São Paulo, a presença da Delta pode fazer com que haja uma lotação nas enfermarias. “Já temos transmissão comunitária. Como muitas pessoas já foram imunizadas, a tendência é que elas desenvolvam sintomas mais leves. Não teremos tantas mortes, mas há risco de colapso no atendimento de enfermaria, por exemplo”, afirma.
Outra preocupação é com as vacinas, necessárias para frear o avanço da nova cepa, pois com a baixa adesão à segunda dose, os moradores podem estar expostos à mutação do vírus. “Em média, há uma queda de 10% de proteção da Delta em relação a outras cepas”, analisou Fonseca.