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Da Virgínia para a eternidade – o Olavo que muitos criticavam, mas pouco conheciam

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Da Virgínia para a eternidade – o Olavo que muitos criticavam, mas pouco conheciam
Olavo de Carvalho, morto em janeiro de 2022

Estava em isolamento, suspeita de Covid, sozinho em minha casa. Meu celular insistia em apitar enquanto tentava pincelar os últimos detalhes de uma palestra. Irritado, peguei o celular para colocar no silencioso. Quando abri a tela, meu estômago desceu em queda livre. Não, não poderia ser verdade. Era mentira. Sem perceber meus olhos lacrimejantes, abri os grupos confiáveis. Os veículos próximos. Era verdade. Subitamente, meu mundo desabou. Eu fiquei ali, paralisado, tentando encontrar uma forma de explicar que aquilo era mentira, um boato de grandes dimensões. Minhas mãos tremiam. Eu suava. Já estava em prantos, raivoso. Quem poderia inventar algo tão canalha?

Liguei para um amigo nos EUA. Era verdade. Nem esperei ele se despedir. Era verdade. Olavo de Carvalho havia falecido. Meu telefone vibrava desesperadamente. Não tinha forças para pegá-lo do chão. Olavo faleceu. Não só o brilhante intelectual, o filósofo, professor, tutor, teólogo etc. Olavo, o amigo, o sujeito do coração maior que ele, havia nos deixado. Olavo que, na minha mais obscura fase da vida, ligava-me de madrugada para pedir a proteção e amparo de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O homem que foi meu segundo pai. Que inúmeras vezes quis que eu fosse à Richmond. Que me dava broncas recheadas de palavrões que jamais pensei existir. Olavo, aquele que foi execrado por muitos e foi luz para muitos outros, como eu.

Olavo deixa para trás órfãos de seu pensamento e legado. De sua bondade. Mas deixa uma chama que arde em todos aqueles para os quais as noites de sábado serão vazias, tristes. Que o senhor, professor, esteja lá ao lado do Pai puxando nossa orelha e nos guiando. Sentiremos muito sua falta. A eternidade o aguarda.

“Primeiro, povoar o mundo da imaginação e dos sentimentos, o que vai inclusive habilitar vocês a compreenderem situações humanas reais, que não são formuláveis em termos teóricos. Por exemplo, suponha que você tenha um conflito de família — um problema qualquer, brigou com a namorada —, você não vai poder esperar até ter uma compreensão conceitual do problema para lidar com ele. Você vai ter de usar instrumentos muito mais rápidos: formas de pensamento analógico, simbólico, a partir de evocações que você tenha, de leituras que tenha feito e coisas que tenha ouvido.É esse mundo da imaginação e das emoções que, primeiro, você tem de tornar rico, flexível e rápido para entender o mais rapidamente possível as situações humanas, mesmo que não consiga verbalizar o que está acontecendo.”
(Olavo de Carvalho, COF, aula 116)

“No fundo, a vida cristã é simples: Faça o bem para os seus irmãos 24 horas por dia. A vida é curta e eles vão todos morrer. Não há tempo a perder.” – (Olavo de Carvalho, via Facebook)

“A vida dura pouco; essas pessoas todas, daqui a pouco, estarão mortas, e eu posso sentir falta delas, então deixe eu fazer algo por elas enquanto elas estão aqui, porque assim, quando elas morrerem, eu não vou ficar com aquela tristeza.” – (Olavo de Carvalho, COF, aula 13)

“Se você não deu a seus filhos, ou a qualquer pessoa querida, o amor que deveria ter dado, não perca seu tempo pedindo desculpas. O arrependimento verdadeiro não tem nada a ver com essas cenas melosas ou deprimentes. Simplesmente faça agora, em dose tripla, o que deveria ter feito antes.” – (Olavo de Carvalho, via Facebook)