Araçatuba (SP) recebeu, nessa quinta-feira (7), a apresentação do plano do governo do Estado de São Paulo para a retomada do transporte ferroviário. O evento ocorreu no auditório do Paço Municipal. O assessor especial da Secretaria de Logística e Transporte do Estado, Luis Alberto Fioravante, fez uma demonstração das ações já realizadas, como a redação de uma lei estadual para o setor – que está em análise na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado) – que cria um marco legal para investimento e exploração dos serviços. Foi citada, ainda, a instituição de uma agência reguladora específica para as ferrovias, que seria apartada da Artesp.
Fioravante afirmou que atualmente o Estado, e principalmente a região, vivem um “apagão logístico”. De acordo com os dados apresentados, metade dos cerca de 5 mil quilômetros da malha ferroviária no Estado está ociosa, pouco utilizada ou totalmente sem operação. Apenas 11% do transporte de cargas e passageiros no Estado é feito por trens. A rodovia ainda é a mais utilizada, concentrando 84% da carga.
A estratégia de retomada conta com investimentos estatais e privados. Será estimulada a construção de ramais de curta e média distância para atender às empresas e fazer a intermodalidade com o rio, rodovias e até aeroportos. Fioravante disse que a iniciativa privada já demonstrou interesse em investir até na aquisição de locomotivas e vagões para operarem nas ferrovias.
O assessor especial fez a previsão de que até o início do segundo semestre será possível reativar a passagem de trens da Malha Oeste, que é a ferrovia que vai de Mairinque, na região de Bauru (SP), e vai até Dourados (MS) e que corta mais de 30 municípios da região de Araçatuba. “Até agosto teremos um trem para parar em Araçatuba”, afirmou.
Na palestra, o representante do Estado enfatizou, ainda, que o transporte ferroviário é muito menos poluente e poderá auxiliar, no futuro, no transporte de passageiros em trechos curtos e médios, até com uso de VLTs (Veículos Leves sobre Trilho).
“Hoje, as cidades convivem com verdadeiras cicatrizes urbanas, com linhas, terminais e equipamentos desativados que servem apenas para criadouro de dengue e para bandido se esconder ou esconder drogas. O governador Rodrigo Garcia, dando continuidade ao trabalho de João Doria, vai mudar esta realidade”, afirmou.
Considerações
Na abertura da reunião, o prefeito Dilador Borges (PSDB) realçou a importância histórica da ferrovia para o desbravamento do interior do Estado, determinando o desenho geográfico e a ocupação do solo. “Várias cidades foram criadas às margens das ferrovias, que infelizmente, nos últimos anos, foi perdendo a força, principalmente em nossa região. Nós, prefeitos, temos um grande compromisso em ajudar na retomada deste importante modal”, afirmou Dilador.
A vice-prefeita Edna Flor (Cidadania) falou sobre a conectividade entre os mais diferentes modelos de transporte de carga e de passageiros. Ela também comentou sobre a afetividade que as pessoas têm com os trens, principalmente por causa das lembranças de suas infâncias e adolescências. “Araçatuba tem até um museu ferroviário, para contar e perpetuar este legado”, disse Edna.
Também esteve presente o engenheiro Luiz Antônio Sola, diretor-presidente da empresa Transfesa. Ele, que é especialista em transporte ferroviário, defendeu a viabilidade da Malha Oeste e disse que o Estado está no caminho certo em investir em um sistema rápido, barato e seguro.
A Câmara foi representada pelos vereadores Arnaldinho, Nelsinho Bombeiro e Gilberto Batata Mantovani. Estiveram presentes, ainda, membros dos governos de Bento de Abreu e Penápolis.