A artista visual, figurinista, arte educadora e curadora independente Natália Marques Emaye, deu início a mais uma etapa do projeto “A Rota do Podão de Ouro”, agora é a vez do projeto “Melaço: O levante da Rainha do açúcar”, que tem como proposta discutir questões relacionadas à realidade das cidadãs e dos cidadãos nas plantações canavieiras do país.
O projeto, que acontecerá até outubro deste ano, será dividido em três etapas e passará em oito cidades, sendo elas: Pontal, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Jaboticabal, São Joaquim da Barra, Ituverava, Pradópolis e Guariba. “Para entendermos a cultura das cidades iremos realizar uma pesquisa de campo baseada na vivência com as comunidades locais. Ficaremos por um mês em cada uma das cidades, onde será realizada uma performance cênica, um bate papo e uma oficina com crianças e interessados dos locais, possibilitando diagnosticar a relação da criança/família com a temática principal, por meio de um resgate do imaginário dessas”, explica Natália.
De acordo com a artista, essa oficina direcionada para as crianças é de extrema importância pois, através de atividades, pretende-se construir um novo imaginário para elas. “Muitas vezes, as crianças apresentam constrangimento devido à forma como a memória dessas trabalhadoras foram retratadas para elas. Nossa ideia é fazer com que elas possam enxergar essas mulheres como as verdadeiras rainhas do açúcar, por meio da própria intervenção das crianças nas imagens que iremos mostrar para elas, entre outras ações”, detalha a artista.
A primeira parada no dia 01/05 será em Pontal, cidade onde Natália realizou até o último dia 30/04 uma residência artística no Museu da Cana – Instituto Engenho Central.
A artista
Natália Marques Emaye é natural de São Joaquim da Barra e tem uma pesquisa centrada na relação entre a população negra do interior paulista e a indústria da cana-de-açúcar (importante atividade econômica na região desde o final do séc XI), as ferramentas utilizadas e as vestimentas ligadas a essa produção econômica, especialmente na intersecção destes elementos com a experiência da mulher negra.
Sua prática artística se desdobra em cruzamentos entre linguagens performativas e o campo da visualidade (como print e gravura). Como parte intrínseca de seu pensar e fazer artístico, desenvolve ações educativas para exposições. Natália é membro-fundadora e curadora do coletivo Artístico Literário Encontrão poético – SP, é Slammaster no campeonato de poesia falada Slam da Cana – RP, e também integrante do Centro Cultural Orunmila em Ribeirão Preto.
Recentemente indicada ao Prêmio PIPA (https://www.premiopipa.com/natalia-marques-emaye), que foi criado em 2010 pelo Instituto PIPA, com o objetivo de ser um dos maiores prêmios brasileiros de artes visuais, Natalia Marques Emaye é filha da casa Egbe Awo Asè Iya Mesan Orun (localizado na periferia de Ribeirão Preto), artista visual, figurinista, arte educadora e curadora independente.
Os projetos “A rota do Podão de Ouro” e “Melaço: O levante da Rainha do açúcar” foram contemplados nos editais Proac Lab Prêmio e Proac Artes visuais Circulação 2021, e contam com a realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.