Num bate-papo com meu querido amigo, José Fernando Chiavenato, ambos tivemos a mesma ideia: acabar com o tal do VAR no futebol. Nada foi mais careta, mais chato, mais desagradável. Tiraram o suco do futebol: a raiva, a injustiça, a malandragem. Sei que muita gente vai espernear, vai me odiar, mas quem quer fazer justiça, por favor, estude Direito. Futebol é outra agonia, como diria Caetano Veloso, diferente das estrelas.
Lionel Messi ganhou uma copa para a Argentina, mas será a mão de Deus de Maradona que se perpetuará na história. As pessoas vão referendar a atual seleção da Argentina, mas a alegria e a paixão virão com o gol de mão de Maradona. Nada é mais essência do futebol. Árbitro e bandeirinha nasceram para errar. Esse tempero é saboroso.
Um primo meu era árbitro e ele me dizia que tinha duas mães, a que ele mantinha em casa e era a minha tia, e outra que ele levava para campo, para ser esculhambada. Quem não pensa assim, não pensa o futebol, acaba se esquecendo de que foi isso que tornou esse esporte tão especial. As coisas não são cartesianas no universo da bola. Ao contrário. Time que joga mal e ganha o jogo é prazeroso. Gol impedido é a glória. Jogo roubado é vitalidade.
No mundo do politicamente correto, tudo que eu disse soa como blasfêmia, idiotice, estupidez. Mas querer o politicamente correto no futebol é um exercício de chatice cotidiana. Odeio os comentaristas que falam das linhas de defesa, das táticas mágicas, dos técnicos brilhantes, dos craques de Youtube. Amo o futebol despretensioso, brincalhão, driblador, raiz, fruto da magia e do encantamento. Sem encantamento não tem gosto. O VAR é a síntese do mau gosto.
O lugar certo para o VAR seria na política. Imbatível. Imaginem se cada bobagem que os dirigentes falassem ou fizessem fosse vetado pelo VAR ! Não haveria governo nenhum. Imaginem o VAR no Congresso, no Senado, nas Assembleias, nas Câmaras, nos Palácios Governamentais, nas Prefeituras.
O problema seria saber quem cuidaria desse VAR. Quais seriam os juízes? Seria o STF? O STJ? Resposta complicada. De qualquer forma, há um VAR à disposição: o voto. Dá para acionar de tempos em tempos.
Volto ao futebol. Quero o fim do VAR. Exijo o direito da injustiça desportiva. Mesmo que meu time seja prejudicado. Não importa.
Faço qualquer coisa para ver a minha gente sorrindo. A minha gente brincando, a minha gente vivendo de emoções. Deixo o gesso para os corações dos chatos.