HC de Ribeirão Preto realiza terceira cirurgia para separação de gêmeas siamesas unidas pela cabeça

O procedimento, que aconteceu neste sábado (11), durou 7 horas e contou com a participação de 40 profissionais; médicos afirmam que pacientes estão respondendo bem

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Profissionais da saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e do HC Criança, realizaram, neste sábado (11), a terceira cirurgia para separação das irmãs siamesas unidas pela cabeça, Allana e Mariah.

O procedimento durou 7 horas, e contou com a participação de 40 profissionais de diferentes áreas, como Neurocirurgia Pediátrica, Cirurgia Plástica, Anestesia, Pediatria, Radiologia, Enfermagem e de apoio.

Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (14), as autoridades médicas afirmaram que as irmãs, de 2 anos e 7 meses, estão respondendo bem e sendo cuidadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HC Criança.

Passo a passo

O procedimento cirúrgico continuou o trabalho de separação da circulação sanguínea do cérebro das irmãs. Como a técnica da cirurgia se baseia em etapas, a cada procedimento cirúrgico é realizada 25% da separação dos cérebros. Assim, com a cirurgia feita neste sábado, foi conquistada 75% da individualização das artérias e vasos sanguíneos.

Até a separação total, estão previstos um procedimento cirúrgico para a colocação dos expansores de pele, que deve ocorrer em abril, e a última cirurgia, prevista para o final de julho.

Assim como nas cirurgias anteriores, o procedimento foi minuciosamente planejado com exames clínicos, laboratoriais e de imagem de ressonância magnética e tomografia computadorizada, integrados em sistema de realidade virtual, que permitem que os cirurgiões possam visualizar com óculos especiais a anatomia dos crânios, dos cérebros e dos vasos sanguíneos que serão abordados durante a cirurgia. A novidade nesta etapa foi a utilização de neuronavegador e realidade mista durante o procedimento cirúrgico.

Profissional explica condição médica envolvendo as gêmeas – Foto: Divulgação

1 em cada 2,5 milhões

A incidência de gêmeos unidos pela cabeça é extremamente rara, representando 1 caso em cada 2,5 milhões de nascimentos.

No Brasil, a primeira separação de siamesas craniópagas, as gêmeas Maria Ysadora e Maria Ysabelle, ocorreu em outubro de 2018, após cinco procedimentos cirúrgicos, pela equipe do HC e HC Criança.

O caso foi acompanhado pelo médico norte-americano James Goodrich, que é referência internacional em intervenções com gêmeos siameses e que faleceu em decorrência da Covid-19, em 2020.