SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nos primeiros projetos que apresentou como deputado federal, Paulo Fernando Melo da Costa (DF), líder integralista filiado ao Republicanos, propôs homenagens a Enéas Carneiro (1938-2007), ícone da extrema direita, e Frei Orlando, capelão franciscano que morreu após levar um tiro na Itália em fevereiro de 1945, na Segunda Guerra Mundial, e tornou-se patrono da assistência religiosa do Exército.
O integralismo é um movimento de inspiração fascista criado por Plínio Salgado em 1932, caracterizado por um nacionalismo autoritário, defesa de valores religiosos e tradicionais e rejeição da democracia liberal.
Defensor desses mesmos valores, Enéas foi apoiado por integralistas durante sua trajetória política, especialmente pelo discurso bélico, nacionalista e anticomunista.
Em 2021, como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, Paulo Fernando foi recebido por Marcelo Queiroga para colher depoimento a respeito de Enéas, de quem o então ministro da Saúde foi aluno e que é objeto de biografia em elaboração pelo hoje parlamentar.
Em seus projetos de lei, o deputado requer a denominação do local de serviço médico da Câmara dos Deputados como “Dr. Enéas Ferreira Carneiro, Médico e Deputado Federal” e solicita a realização de sessão solene em memória dos 16 anos da morte do homenageado.
Sobre frei Orlando, pede a inscrição de seu nome no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria.
Costa é reconhecido há anos por publicações integralistas como uma figura de referência do grupo. Ele trabalhou como secretário-adjunto e assessor especial no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos na administração da atual senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que fez campanha para o amigo. A Frente Integralista Brasileira incluiu Costa e também Damares em sua lista de recomendação de votos em 2022.
Em entrevista à coluna Painel no ano passado, Costa disse ser um “integralista adaptado ao século 21, e não da década de 30, que não faz nenhum sentido.”
“Sou adepto da trilogia que o integralismo defende : ‘Por Deus, pela Pátria e pela Família’, a que o [então] presidente Bolsonaro, o PTB e o Republicanos acrescentaram liberdade”, complementou.
“Sou um advogado conhecido pelo trabalho pró-vida. Posições firmes”, afirmou, descrevendo-se como um patriota no século 21.
GUILHERME SETO / Folhapress