SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os ex-tesoureiros do PT Delúbio Soares e João Vaccari Neto, pivôs de escândalos do partido, participaram neste domingo (15) de evento que teve tietagem à dupla, fala sobre caixa 2 em campanhas e até torcida para que o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil) seja preso.
O debate contou com algumas dezenas de militantes e foi realizado em Carapicuíba (Grande SP), em um clube do Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região.
O evento intitulado “Quando a Política se Vale da Justiça” tinha como mote uma a versão de ambos os petistas, que se declaram inocentes sobre o mensalão e a Lava Jato.
Delúbio foi condenado no mensalão e, depois, preso por lavagem de dinheiro na Lava Jato. Recentemente, porém, decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) tornou nula ação contra ele por considerar que a 13ª Vara Federal não tinha competência para a ação contra ele e enviou o caso à Justiça Eleitoral.
“Criminal hoje esse cidadão que fala com vocês não tem mais nenhum processo criminal em curso. Ganhei todos”, disse Delúbio, que, durante o evento, distribuiu uma pequena revista com o nome de “Delúbio Soares, o réu sem crime”.
Ele afirmou ainda que nunca fez nada errado e que foi colocado como “o cara mais nefasto da face da Terra”, em uma crítica à mídia.
Delúbio, porém, afirmou que a prática de caixa dois era usual na política. “Aquela época era usual. Nós fizemos campanha eleitoral e recebemos como os empresários que dar o dinheiro”, disse.
Ele afirmou, no entanto, que nunca houve compra de deputados, mas pagamento de despesas de partidos aliados.
Vaccari também fez um discurso crítico às operações, como ações políticas para prejudicar o PT. Em sua fala, ele citou até os protestos contra a tarifa de 2013 como um ato neste sentido.
Vaccari define a Lava Jato como um processo para enterrar o PT e criminalizar Lula. “Inúmeras foram as manchetes que eles iam acabar com o PT, que o PT iria ser fechado por decisão da Justiça. Hoje, passada a confusão, quantos processos têm o PT? Nenhum”, disse.
Condenado em segunda instância por corrupção passiva em três processos, ele foi preso em abril de 2015 durante a operação Lava Jato. Foi beneficiado pelo indulto natalino concedido pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e deixou a prisão em setembro de 2019.
Vaccari diz que foi inocentado em cerca de 10 processos e responde a por volta de sete. “Eu fui o da Lava Jato a ser preso. Eu era o tesoureiro, nada melhor do que chamar o cara que mexe com dinheiro de ladrão. É fácil”, disse.
O ex-tesoureiro contou ter ficado 1.483 dias preso e até fez uma previsão de que veria Sergio Moro sendo preso. “Outra coisa que eu sempre disse: nós ainda vamos Sergio Moro sendo preso. O motivo eu não sei, mas ele vai ser preso”, disse.
Tanto Vaccari quanto Delúbio foram fortemente aplaudidos pelo público presente, que não incluía nenhum político petista de alto escalão. Ao fim, ambos ex-tesoureiros do partido ainda posaram para selfies com o público.
ARTHUR RODRIGUES / Folhapress