Veja a importância de exames para a detecção precoce de doenças demenciais

O mês de conscientização sobre a doença de Alzheimer, o setembro roxo, chama atenção para um hábito que o brasileiro está pouco acostumado: o check-up do cérebro. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de um milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.

Apesar de as doenças demenciais não terem cura, as informações do rastreio cognitivo podem reduzir significativamente os fatores de risco. Dessa forma, atrasam e podem prevenir a deterioração cognitiva, principalmente nos estágios mais avançados.

“Os benefícios dos exames de rastreio e de prevenção é a detecção precoce, o que possibilita uma orientação numa fase que ainda existe um impacto, ou seja, em que os especialistas conseguem mudar a história natural da doença. Isso significa tratar de uma maneira mais efetiva algumas patologias, prevenir outras, identificar sinais precoces e fazer uma intervenção para ter uma resposta muito melhor em longo prazo”, explica a Juliana Rebechi Zuiani, neurocirurgiã da PUC Campinas.

O que pode ser incluído em um check-up cerebral?

Hoje, é possível fazer alguns exames por meio de um tablet ou de um smartphone, que usam a inteligência artificial e os biomarcadores digitais aliados à realidade aumentada imersiva para avaliar o rastreio ocular, a pressão e precisão nos toques de tela, a memória espacial (como planejar um caminho), a velocidade de movimento, a memória prospectiva (aquela ação que ainda vai acontecer, por exemplo) e microerros não perceptíveis pela observação humana.

“Esse tipo de avaliação transforma a queixa de um paciente em algo numérico. O teste consegue rastrear vários domínios cognitivos, o que leva a uma comparação com mais de 400 mil pessoas em tempo real ao redor do mundo. Sendo diferente da maior parte das avaliações neuropsicológicas, que são pautadas em escolaridade. Esse não. E também não tem o aprendizado, ou seja, quando a pessoa repetir o exame, será diferente”, revela o geriatra Rafael Neder, do Rio de Janeiro.

Inclusive, um estudo publicado pela revista científica da Associação Europeia de Medicina Preditiva, Preventiva e Personalizada sobre os biomarcadores digitais, com 568 pessoas, aponta que o método pode trazer contribuições significativas para a avaliação e o diagnóstico de doenças neurodegenerativas, especificamente a doença de Alzheimer.

Ilustração de um cérebro com peças de quebra cabeça
Ferramenta digital permite reconhecer padrões para rastreio precoce da doença de Alzheimer (Imagem: Burdun Iliya | Shutterstock)

Biomarcadores auxiliam no diagnóstico da doença de Alzheimer

De acordo com a pesquisa, comparado com os métodos tradicionais de detecção, como os testes neuropsicológicos, genéticos e de imagens, os biomarcadores digitais são adequados para testar os estágios iniciais da doença de Alzheimer porque podem descobrir mudanças comportamentais, cognitivas, motoras e sensoriais sutis.

Essa forma de rastreio pode e deve ser complementada por outros exames tradicionais, como os de sangue e de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, ambos métodos que fornecem imagens detalhadas do cérebro.

“A intenção com toda a inteligência artificial que usa os biomarcadores digitais não é substituir outros exames, mas que ele seja uma ferramenta complementar, por fornecer informações valiosas para padrões que podem ser facilmente negligenciados, permitindo o rastreio precoce para intervenções médicas mais eficazes”, argumenta Ronald Lorentziadis, sócio-diretor da BIOCARE | SPARKIA – Inovação em Saúde.

Quando fazer o check-up do cérebro?

Se considerarmos apenas o Alzheimer, os sintomas, geralmente, surgem após os 60 anos, mas 5% das pessoas desenvolvem a doença antes dessa idade – assim como outras demências. Portanto, o período ideal para realizar um check-up cerebral pode ser a partir dos 40 anos. Mas, dependendo de fatores, como histórico familiar e as queixas, o ideal é começar antes.

Vale lembrar que a avaliação e o rastreio precoce oferecem ao paciente a chance de buscar tratamento cognitivo personalizado, além da possibilidade de adotar uma série de medidas, como a prática de atividade física, alimentação equilibrada, reabilitação e medicamentos, que retardam a dependência da pessoa e mantém sua qualidade de vida por mais tempo.

Por Gabi Vasconcelos

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