Muitas famílias, ou moradores que vivem sozinhos, prezam pela alegria de receber em casa convidados. De fato, é sempre um prazer reservar um tempo para confraternizar – principalmente com as pessoas mais próximas de nossas vidas –, e eternizar momentos com conversas e refeições especiais. Porém, para contar com residências que emanem esse perfil tão caloroso, alguns detalhes precisam ser pensados logo na hora de construir e projetar a arquitetura de interiores.
Segundo a arquiteta Cristiane Schiavoni, à frente do escritório que leva seu nome, é ideal que a residência de pessoas com esse perfil tenha ambientes versáteis, funcionais e integrados, com lugares para acomodar os convidados, como cadeiras, mesas, poltronas e sofás.
Além disso, também vale priorizar uma boa estrutura de iluminação e de som para tornar esse acolhimento ainda mais gostoso. “As impressões passadas pelo décor, bem como as sensações que ele propicia, são essenciais para deixar aquela marca inesquecível em quem recebemos”, ressalta.
Como definir o projeto da casa
Para quem ainda está no processo de construção da casa, segundo a especialista, o primeiro passo é ter consciência das próprias necessidades e preferências antes de começar a planejar qualquer projeto. “É muito importante que saibamos qual o estilo que desejamos. Por exemplo, tem pessoas que gostam de fazer churrasco, outras preferem preparar receitas mais elaboradas, para grandes jantares ou almoços, e tem aquelas que gostam de fazer drinks. É a partir dessas referências que começamos a elaborar o projeto”, detalha.
Ambientes integrados para mais espaço e fluidez
Depois dessas definições, o próximo passo é pensar na estrutura do layout dos ambientes e na disposição dos mobiliários. Seja em uma casa ou em um apartamento, a versatilidade de espaços integrados coopera na missão de proporcionar fluidez na área social.
Neste contexto, Cristiane Schiavoni indica uma sala de estar ligada ao home theater ou com a varanda, como também uma cozinha próxima a esses cômodos. “Não é novidade para ninguém que a cozinha saiu das sombras de um cômodo renegado e escondido para se mostrar como um coração da casa que também acolhe”, diz a arquiteta.
Além de deixar a residência mais espaçosa, a integração dos ambientes da área social também contribui para diversas propostas decorativas, sempre com a atribuição de acomodar pessoas sem transmitir a percepção de desconforto.
“É primordial que os móveis sejam distribuídos em posições que transmitam essa mensagem de comodidade. Não acho simpático quando dois sofás são dispostos com as costas voltadas um para o outro. A ideia é sempre agregar”, orienta Cristiane.
Opte por móveis versáteis
Além dos móveis com estilo mais expressivo, a arquiteta recomenda que os moradores considerem optar por mobiliários que resolvem situações e que são facilmente realocados. É o caso das banquetas, bancos e pufes que servem como assentos para quem chegou em casa.
“O bacana é conciliar uma ocupação extra quando não estiverem com essa atribuição. Encaixar embaixo de um aparador, um rack ou mesmo dispor como uma mesinha de centro faz com que esse mobiliário seja útil na rotina da casa, e não apenas em situações pontuais”, indica a profissional.
Detalhes que fazem a diferença
Tudo o que envolve um ambiente pode interferir no modo como recepcionamos as pessoas e na experiência que elas vivenciam naquele espaço. Detalhes que possam parecer insignificantes, como a iluminação, o som, os cheiros, a disposição dos itens ou, até mesmo, um quadro na parede, passam mensagens complementares.
“Sempre oriento meus clientes a não desconsiderarem um projeto luminotécnico propício para esses cenários. Um sistema de áudio e vídeo, um telão ou uma TV são muito bem-vindos para transmitir um show bacana, um filme ou, até mesmo, uma partida de futebol”, exemplifica a arquiteta.
Temperatura do ambiente também requer atenção
O ambiente destinado a confraternização recebe muito sol, vento ou chuva? Isso pode definir como será a experiência da visita naquele espaço, principalmente se for uma área externa. “Quando vamos construir uma área de churrasco voltada para a face norte ou oeste, precisamos ter em mente que ela receberá insolação por todo o dia. Sendo assim, devemos incluir uma fachada para proteger moradores e visitantes desse calor ou mesmo escolher um outro lugar para a criação do ambiente”, aconselha Cristiane.
Materiais que garantem beleza e praticidade
A escolha dos materiais é muito particular e depende das necessidades e gostos dos moradores. Porém, atribuições como a praticidade para a limpeza, manutenção do dia a dia e segurança devem guiar essas definições. No quesito acabamento, insumos como o porcelanato, vidro e diversas pedras, entre outros, registram baixa absorção de sujeira.
Ambiente para refeições com os convidados
De um jeito ou de outro, as refeições acabam sempre rodeando o ato de receber convidados em casa. Para o ser humano, o ato de se alimentar não se limita à sobrevivência, mas se configura como oportunidade de promover grandes eventos.
“Quando combinados à união de pessoas queridas então, podem ser palco de memoráveis lembranças e momentos de partilha”, enfatiza Cristiane. Tendo isso em vista, o espaço de receber deve considerar uma diversidade de itens a serem usados – principalmente em volta da mesa.
Quarto de hóspedes
Algumas vezes, o morador recebe convidados que não ficarão apenas por um curto período. Seja em uma circunstância inesperada ou planejada, um quarto de hóspedes é sempre bem-vindo na estrutura da residência. “O objetivo aqui é evitar as improvisações, como tirar o anfitrião da cama ou mesmo improvisar a instalação para o visitante com um colchão no chão da sala ou mesmo oferecer o sofá”, diz a arquiteta.
O ideal é contar com um cômodo que proporcione privacidade a quem será hospedado, bem como não interfira na rotina familiar. “Sendo possível, é interessante ter um banheiro separado e um dormitório, que fora dessa proposta, pode servir como um home-office“, aconselha.
O receber ao passar dos anos
Pode não parecer, mas o ato de receber mudou com o passar dos anos. As transformações pelas quais a sociedade passou e as mudanças no modo de viver e no comportamento do ser humano modificaram, inclusive, a maneira de receber convidados em casa.
A arquiteta Cristiane Schiavoni observa que o costume de receber tornou-se mais íntimo e acolhedor. “A arquitetura se modifica junto com o contexto social que mexe com o comportamento e os modos de habitar. O pedido de espaços para receber em casa, por parte dos clientes, vem acontecendo de forma gradual. Eu percebo que há alguns anos as pessoas tinham o receber como algo mais formal, porém, com o passar dos anos, as visitas começaram a ficar mais íntimas, de amigos próximos e família”, destaca a especialista.
Por Beatriz Russo