A data de 7 de setembro de 1979 foi a escolhida por Maury Pavanello de Campos e Gladys Mae Fares, para colocarem no ar a Rádio CULTURA FM de Araçatuba, novamente pioneira, desta feita na faixa de Frequência Modulada no Interior de São Paulo, operando na Classe A, em 95,5 MHz, ZYD 852, Canal 238.
Atuando no segundo mais importante mercado comercial brasileiro, a nova emissora registrou um feito histórico, ampliando de forma a mais significativa, a influência desse veículo de comunicação de massa, cuja história se mistura à própria história de Araçatuba. Expandiu-se às margens do Rio Tietê e com mais de 50 outros municípios espalhados pela Região Noroeste do Brasil, muitos deles acompanhando o trajeto da importante Rodovia Marechal Rondon, rumo ao Mato Grosso do Sul.
Tive o privilégio de ser o primeiro profissional a ocupar os microfones da CULTURA FM. Na fase inicial de implantação do novo modelo de frequência no Brasil, ainda sem o aparelho que permitisse a sintonia das emissoras FM, os próprios donos encarregaram-se de suprir esta necessidade, montando uma loja na rua Olavo Bilac, para a venda de equipamentos eletrônicos, entre eles o famoso radinho de pilha, com a opção desejada pelo público. Com mais potência, uma qualidade de som mais refinada, a ampliação de seu alcance de transmissão e uma programação de alta qualidade, a CULTURA FM alcançou rápida projeção regional, consolidando-se como uma das mais importantes na radiofonia do Estado de São Paulo. As FMs trouxeram consigo a popularidade que os prefixos AMs já haviam conquistado ao longo do tempo, muito graças aos programas de auditório, famosos por projetarem ao mundo da música, artistas que seriam verdadeiros fenômenos de venda Brasil afora. Por aqui, naqueles tempos e sob o comando de Edson “Bolinha” Cabariti, brilharam os Astros de Amanhã, um grupo de jovens e talentosos cantores de Araçatuba.
Já na década de 1980, percorrendo com Maury Pavanello as instalações onde funcionaram durante muito tempo os estúdios da Cultura AM e FM (nesta mesma rua Osvaldo Cruz) deparei-me com uma sala repleta de Long Plays (os antigos bolachões) que estavam sendo substituídos por novas mídias. Os CDs chegaram com força total obrigando as emissoras de rádio a se integrarem ao novo formato.
Inspirado por aqueles LPs discos que conhecia tão bem, pedi que me autorizasse apresentar um musical nos finais de semana “só com aquele acervo de verdadeiras relíquias e que estava ali para ser descartado”.
De lá pra cá, mantive o programa no ar, lutei contra a maré, mergulhei fundo nas águas límpidas e fascinantes da boa música. Quis o destino que eu retornasse à mesma rua Osvaldo Cruz, onde iniciei minha carreira, tão logo a CULTURA FM, a número um, pioneira, genuinamente araçatubense, fosse
reincorporada e voltasse ao convívio de seus antigos ouvintes.
Por onde passei, fiz e deixei amigos. Posso dizer que esse ofício me deu um norte na vida, disciplina para cumprir minhas obrigações profissionais e alegria pessoal pelo respeito ao ouvinte, nosso maior patrimônio.
E lá se vão 44 anos desde aquele primeiro sete de setembro.
O libanês Gibran Khalil Gibran dizia que as árvores são poemas que a terra escreve para o céu e que nós derrubamos e transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio. No entanto, as árvores que separavam a rua Martins Fontes do campinho de chão de terra batido no fundo do Instituto de Educação
Manoel Bento da Cruz, preencheram os dias vazios da garotada do bairro. Permitem, hoje, já adulto, olhar para um passado sem mácula, com o direito de se sentir criança, como toda criança ter, afastado do olhar adulto, do preconceito, da margem da vida.
Importante deixar as últimas palavras, a quem nos permitiu dar continuidade e um significado maior a essa profissão, nosso amigo desde sempre, Chaim Zaher, coincidentemente um aniversariante do dia 7 de setembro. Com o Grupo SEB foi muito além da capacidade de decifrar e entender os mecanismos na área da educação, através do qual vem escrevendo uma carreira inspiradora, com todas as letras.
À frente do Grupo Thathi de Comunicação tem apostado em projetos de vanguarda que combinam qualidade na escolha de seus recursos humanos e o uso criativo de novas tecnologias, resultando na excelência na prestação de serviços ligados aos mais diversos segmentos, dentre os quais situa-se a
CULTURA FM de Araçatuba e a Rede NOVA BRASIL.
Neste particular, este sucesso na área da comunicação muito se deve ao fato de gostar (e querer evoluir e preservar) esses ambientes tão fascinantes como os do rádio e da televisão.
Coisas de quem faz o que gosta de fazer e, por isso, faz bem feito!
HÉLIO NEGRI é professor, jornalista, radialista, bacharel em Direito. É diretor regional da UNIP, campus de Araçatuba. Faz parte da equipe de comunicadores da CULTURA FM de Araçatuba, onde apresenta um tradicional programa musical.
07/set/2023