“Espiral do Silêncio” é uma teoria da ciência política apresentada em 1977 pela filósofa alemã Elisabeth Noelle-Neumann. Nessa proposta de opinião pública, a ideia central é que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante, pelo receio de crítica, isolamento ou exclusão.
Esse fenômeno é mais comum do que se imagina: pode ocorrer no âmbito familiar, na escola, no trabalho, no meio social e através do uso dos veículos de comunicação em massa. Essa teoria explica a razão pela qual as pessoas permanecem em silêncio ou com “meias palavras”, quando se dá conta de que suas opiniões são diferentes da maioria, ou seja, são minoria.
O medo do isolamento social ou de sofrer algum tipo de represália pode fazer com que o indivíduo renuncie à sua opinião. Gabriella Porto, no site “InfoEscola”, explica que a teoria começou a ser estudada na década de 60, com base nas pesquisas sobre efeitos dos meios de comunicação em massa sobre a população.
Pondera a articulista: “A Teoria do Espiral do Silêncio ajuda a entender como a mídia funciona em relação a opinião pública e silencia suas ideias, através de três mecanismos pelos quais a teoria influencia a mídia sobre o público: Acumulação, que se refere ao excesso de exposição de determinados temas na mídia; a consonância, que se refere à forma semelhante como as notícias são produzidas e veiculadas; e ubiquidade, que se refere a presença da mídia em todos os lugares ”.
Lembro que a ideologia nazista foi disseminada por Adolf Hitler dessa forma e a produção de notícia negativa sobre a vacinação pública no Brasil durante a pandemia, também. Na política, em especial, durante campanhas eleitorais, presencia-se no Brasil e mundo afora a prática pela mídia parcial de influenciar a opinião pública usando dos mecanismos da acumulação, da consonância e da ubiquidade.
Uma mentira repetida (acumulação), por vários órgãos da mídia (ubiquidade), nesse contexto, pode tornar-se “verdade”. Não é à toa que um dos Princípios Basilares da Imprensa é o da Imparcialidade.
O perigo desse fenômeno, assim, é que, quanto mais à opinião contrária é esvaziada, por qualquer motivo (medo, zombaria, ignorância etc.), mais a opinião da maioria prevalece, porque não há um contraponto, ou seja, uma tese (opinião) contrária. Portanto, para não se submeter a esse nocivo fenômeno, invoque e exerça a atemporal metáfora da canção “Cálice” de Chico Buarque sobre o calar: “Pai, afasta de mim esse cálice”!