A Polícia Civil de São Paulo finaliza nesta quinta-feira, 4 de setembro de 2024, o inquérito que apura o desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, 26 anos, aluna do curso de Zootecnia da Unesp de Ilha Solteira.
Segundo o delegado responsável pelas investigações, Miguel Rocha, “finalizamos hoje o inquérito, ainda restam alguns pedidos de perícia junto ao Instituto de Criminalística e ao Instituto Médico Legal, cujo resultado ainda não chegou, mas quando chegarem, serão anexados ao inquérito”. Apesar disso, ele afirma que já há elementos fortes o suficiente para denunciar formalmente os dois suspeitos envolvidos no caso: Marcos Yuri Amorim e Roberto Carlos de Oliveira.
“Hoje já temos elementos suficientes para indiciar os dois suspeitos pela prática de feminicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e outros crimes. Hoje entendemos que concluímos o trabalho investigativo da Polícia Civil”, declarou o delegado.
Investigação aprofundada
De acordo com informações da investigação, algumas pessoas que foram ouvidas durante a investigação serão indiciadas por falso testemunho, pois “atrapalharam nossa investigação mentindo sobre fatos e omitindo informações relevantes”. Além disso, foram concluídos exames minuciosos, incluindo “análise de dados dos celulares, da quebra de sigilo das nuvens, da quebra de sigilo financeiro”, com compilação dos dados em relatórios de investigação detalhados.
O delegado destacou ainda que “as reproduções simuladas”, ou reconstituições das versões de Marcos Yuri e Roberto Carlos, foram fundamentais para determinar os rumos do inquérito.
Buscas sem sucesso pelo corpo
Em relação à localização de Carmen, o delegado lamentou que, “apesar das diligências realizadas incansavelmente com auxílio de drone, voluntários, policiais, Guarda Municipal, Polícia Militar, Marinha do Brasil e apoio técnico da Unesp com georradar, não conseguimos encontrar o corpo”.
“Foi feita uma varredura em área urbana, rural, fazendas e região fluvial, pois o local é banhado pelos rios Paraná e São José dos Dourados, próximo ao sítio de Marcos Yuri. Infelizmente — acrescentou o delegado — quem sabe onde está o corpo não quer falar, e essas pessoas estão presas”.
Próximos passos: Ministério Público e Justiça
O inquérito concluído será encaminhado ao Ministério Público, iniciando a fase jurídica do caso. A partir daí, o Ministério Público poderá apresentar denúncia e requerer a abertura de processo criminal. O delegado também pediu que a prisão preventiva dos suspeitos, que no momento estão em prisão temporária. Caso a preventiva seja autorizada pela Justiça, ambos permanecerão presos até o julgamento.
Contexto da investigação
A estudante Carmen de Oliveira Alves desapareceu no dia 12 de junho de 2025, após sair da Unesp em uma bicicleta elétrica. Os dois suspeitos, Marcos Yuri Amorim, namorado de Carmen, e Roberto Carlos de Oliveira, policial militar ambiental da reserva — que, conforme investigações, teria relação afetiva com Marcos Yuri —, estão presos desde 10 de julho de 2025.
Relatos apontam que Carmen pressionava Yuri com um dossiê que possuía provas de possíveis furtos cometidos pelo suspeito, exigindo uma formalização do relacionamento. Teria sido esse o motivo que culminou no crime. As buscas envolveram atuação de drones, forças de segurança locais, marinha e, inclusive, um professor da Unesp com georradar.
Estudantes e ativistas realizaram homenagens e manifestações com cartazes como “Onde está a Carmen?”, em busca de justiça e respostas.
Conclusão
O inquérito policial conduzido pela Polícia Civil de São Paulo está oficialmente concluído nesta quinta-feira (4 de setembro de 2024), com indiciamentos por feminicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e falso testemunho — tendo detectado contradições e omissões em depoimentos.
Com o envio do inquérito ao Ministério Público, inicia-se agora a etapa judicial, na qual o caso será cuidadosamente analisado e poderá demorar ainda mais até a responsabilização definitiva dos envolvidos.
Se desejar, posso continuar acompanhando os desdobramentos jurídicos ou buscar mais depoimentos de familiares, ativistas ou instituições universitárias.



