Gaeco acusa anestesista e empresário de tentar comprar fazenda de R$ 5 milhões com dinheiro desviado da Saúde
O médico anestesista Cleudson Garcia Montali foi novamente denunciado pelo Ministério Público de Araçatuba (SP) por tentativa de lavagem de dinheiro. A denúncia, apresentada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ainda aguarda decisão da Justiça de Birigui.
De acordo com a investigação, Montali e Luciano Colicchio Fernandes – também condenado no âmbito da Operação Raio-X – tentaram adquirir uma fazenda em Aparecida do Taboado (MS) por R$ 5,03 milhões. O negócio, que incluiria a compra de 71 cabeças de gado por R$ 120 mil, teria sido feito com recursos desviados da área da Saúde. A negociação não foi concretizada devido às prisões realizadas durante a operação.
Bloqueio judicial
A fazenda que seria comprada ficava ao lado da propriedade Três Rios, adquirida anteriormente por Montali por cerca de R$ 7 milhões. Esse imóvel já havia sido bloqueado pela Justiça de Birigui durante a deflagração da Raio-X, em 29 de setembro de 2020.
A negociação previa que a entrega das chaves aconteceria no dia 30 de setembro de 2020, um dia após a operação. Com a prisão dos envolvidos e a falta de pagamento, o proprietário desfez o negócio.
Os promotores de Justiça Rodrigo Gonçalves e João Paulo Serra Dantas sustentam que a tentativa de lavagem de dinheiro só não foi concluída devido à ação da força-tarefa.
Histórico criminal
Montali é apontado como chefe de uma organização criminosa que desviava dinheiro público da Saúde por meio de contratos de gestão com municípios e estados, utilizando OSSs (Organizações Sociais de Saúde).
Ele já foi condenado a 96 anos de prisão por 225 crimes de peculato na Justiça de Birigui e a mais 88 anos por 106 peculatos relacionados ao contrato da Santa Casa de Birigui com o pronto-socorro de Penápolis. Essa última condenação foi confirmada em segunda instância pelo TJ-SP.
Luciano Fernandes, por sua vez, foi sentenciado a 7 anos, 10 meses e 15 dias de prisão, acusado de integrar o núcleo empresarial do esquema criminoso. Ele teria usado uma de suas empresas para firmar contratos com as OSSs comandadas por Montali, viabilizando a compra de bens com dinheiro desviado.
Confisco de bens
Na sentença que determinou a condenação de Montali a 96 anos de prisão, a Justiça de Birigui decretou a perda da fazenda Três Rios e de aproximadamente 500 cabeças de gado, que teriam sido adquiridas por meio das OSSs investigadas.
Defesa
O advogado James Alberto Servelatti, que representa Montali em outros processos, esclareceu que ainda não foi formalmente constituído para atuar nesta denúncia. Ele afirmou que, por respeito ao devido processo legal e às prerrogativas da advocacia, não irá se manifestar sobre o caso neste momento.