Como três jabutis, Hélio Consolaro, Hosanah Spíndola (ambos acadêmicos da Academia Araçatubense de Letras), mais o sobrinho Leo no volante do carro, viajamos para Jaboticabal (bo). E assim, conversando e chupando jabuticaba (bu), percorremos 270 km.
A fruta tem esse nome porque quem gosta daquela gostosura é o jabuti (parecido com a tartaruga e o cágado). E o nome do município é escrito Jaboticabal por força de lei municipal.
Conheci mais um município paulista. Nenhum dos três tem parentes por lá. Como, numa terça-feira, dois acadêmicos e um rapagão se dirigiam a Jaboticabal? Fazer o quê?
Porque temos um jaboticabalense que contribuiu com Araçatuba, mudou-se de lá, vindo para ser locutor da Rádio Cultura, advogado e com sua vida boêmia virou poeta.
Aldo Campos, rua comprida de Araçatuba, que vai até o número 2836, nasce ao lado da capela Santa Rita, na praça São Joaquim, e vai até o fim do Jardim Rosele. Ele só mereceu nome de rua porque foi vereador, mas foi excelente advogado, locutor e eximio poeta. Segundo acadêmica Cidinha Baracat, era um excelente orador nos tribunais.
Pouquíssimas pessoas de Araçatuba conheceram pessoalmente Aldo Campos, só alguns velhinhos, mas precisamos conhecer a história de Araçatuba, o lado bom e o lado podre, por que tal rua tem tal nome? Que fez a pessoa para ser homenageada com nome de via pública?
Aldo Campos é patrono da cadeira 18 da Academia Araçatubense de Letras, o meu assento naquela casa, escolhido por mim. O sobrinho dele, José Ayres de Campos, engenheiro aposentado, com quem mantivemos longa conversa em Jaboticabal, perguntou:
– Por que escolheu meu tio como patrono?
Respondi que sempre gostei de valorizar os escritores da cidade e o perfil dele é parecido com o meu. Desde 1997, quando assumi a cadeira 18 na AAL, a exemplo de Sísifo, procuro uma foto dele por Araçatuba. Não a encontrei, então, resolvi ir lá onde nasceu e foi sepultado. Caso não encontrasse, pegaríamos a foto do túmulo.
Amauri Zanforlin, do projeto Faces Históricas, já tinha feito uma sondagem em Jaboticabal por telefone há 10 anos e meu passou uma referência: Livraria Acadêmica, Dr. Clóvis Roberto Capalbo. Cheguei à porta do estabelecimento, lá estava o homem me esperando, com 87 anos de idade.
– O que o senhor deseja? – me perguntou. – Marquei aqui um encontro com Aldo Campos, poeta de Araçatuba. O senhor me permite?