A Polícia Civil de Ilha Solteira realizou nesta quinta-feira (21) a reconstituição do crime que resultou na morte da estudante universitária trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos. Ela está desaparecida desde 12 de junho, após deixar o campus da Unesp onde cursava Zootecnia.
A reconstituição seguiu a versão do policial militar ambiental da reserva Roberto Carlos de Oliveira, que, segundo a investigação, mantinha um relacionamento com Marcos Yuri Amorim, namorado de Carmen. Roberto está preso temporariamente no presídio Romão Gomes, em São Paulo, enquanto Yuri permanece na penitenciária de São José do Rio Preto.
Versões contraditórias
Nos depoimentos, os dois suspeitos se contradizem. Marcos Yuri admitiu que Carmen foi morta em seu sítio, mas apontou Roberto Carlos como responsável pelo feminicídio. Já o policial da reserva afirma que encontrou a jovem já sem vida e que Yuri seria o autor do crime.
Apesar das divergências, o delegado Miguel Rocha, responsável pelo caso, reforça que há indícios suficientes de que Carmen foi assassinada. Entre as provas, a perícia encontrou vestígios de sangue em um sapato de Marcos Yuri e em uma lona, além de um celular quebrado que pode ser da estudante.
Detalhes da reconstituição
Durante a reconstituição, Roberto Carlos afirmou que não matou Carmen, mas admitiu ter ajudado Yuri a limpar a cena do crime. Segundo ele, o namorado da vítima teria recolhido terra suja de sangue em um balde, que foi jogado à beira de uma rodovia. Ele também apontou os locais onde teriam sido descartados o celular da estudante, quebrado, e ferramentas usadas na limpeza, como uma pá e uma enxada.
“Ele manteve a mesma versão do depoimento. Reforçou que viu a vítima já morta no sítio e acusou Marcos Yuri de ser o autor. Confirmou que participou apenas da ocultação de provas”, explicou o delegado Miguel Rocha. O policial da reserva teria se emocionado em alguns momentos, ao falar sobre a família da estudante.
O delegado afirmou ainda que no dia 27 será realizada a reconstituição da versão de Marcos Yuri, que apresenta diferenças em relação à de Roberto. “Será importante confrontar os dois relatos. Se houver necessidade e tempo hábil, pode ser marcada uma acareação”, disse Rocha.
Motivações investigadas
As investigações apontam que Carmen foi morta após cobrar do namorado que assumisse o relacionamento, que não era público. A estudante também estaria reunindo provas em seu computador sobre possíveis crimes cometidos por Yuri. O envolvimento amoroso entre Yuri e Roberto Carlos, confirmado pela polícia, completa o que os investigadores chamam de “triângulo amoroso” que teria levado ao crime.
Próximos passos
A Polícia Civil tem até o dia 6 de setembro para concluir o inquérito. O caso, inicialmente tratado como desaparecimento, agora é investigado como feminicídio.
Até o momento, o corpo da estudante e a bicicleta elétrica que ela usava não foram encontrados.



