Quando crianças, sempre contamos que queremos ser determinados super heróis dos desenhos, filmes e séries. Com capa vermelha e habilidades especiais, cada herói vence a luta diária, zelando pela vida das pessoas. Na vida real, os heróis existem e estão no nosso cotidiano, apagando fogo, evitando mortes, afogamentos e resgatando pessoas de áreas soterradas. Os heróis em questão são os bombeiros, que neste domingo (2) tem sua data celebrada.
Para entender o que é ser um bombeiro, é necessário voltar para o Século 19, lá em 1856, no Rio de Janeiro, onde foi criado o Corpo Provisório de Bombeiros. O serviço sempre destacou a importância destes profissionais que trabalham incansavelmente para proteger e salvar vidas, o meio-ambiente e o patrimônio.
No Estado de São Paulo, são mais de 8.400 profissionais, entre homens e mulheres, espalhados por 20 Grupamentos. E no caso do Litoral Paulista, além da corporação convencional, também há o Grupamento Marítimo. Estes, sempre de olho no que ocorrem nas praias e nos mares, para evitares os afogamentos que ocorrem na temporada de verão ou em dias de feriados prolongados.
“Um bom comandante sabe se a sua tropa está sendo bem tratada. Por isso, minha obrigação é dar suporte a esses bombeiros, principalmente de materiais e de instruções, para que eles possam atender da melhor forma possível a população do Estado de São Paulo”, diz o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Jefferson de Mello.
A missão do bombeiro
Um bombeiro militar é responsável por inúmeras tarefas, como coordenação e execução de defesa civil para prevenção e combate a incêndios, perícias de incêndio e explosões em locais de sinistro, buscas e salvamentos em casos de acidentes de trânsito, afogamentos ou desastres naturais, por exemplo.
Dentre essas atividades, está a de resgate de pessoas soterradas em decorrência de deslizamentos ou desabamentos, como aconteceu em casos recentes, como a tragédia de São Sebastião, que deixou 65 mortos após um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas no litoral norte, e o terremoto na Turquia e na Síria, em fevereiro, que matou mais de 50 mil pessoas.
Para poder realizar esse tipo de ocorrência, os profissionais do Corpo de Bombeiros precisam ter um bom preparo físico e mental. Mas, além disso, é preciso muito estudo para poder ter uma boa precisão na hora de procurar as vítimas e, ao mesmo tempo, garantir a própria segurança.
“O grande problema dos soterramentos é a segurança dos bombeiros, porque todo local em que acontece um evento deste tipo, a probabilidade de ter outro é grande”, explica o coronel.
Ao chegar no local do deslizamento, uma das primeiras coisas que um bombeiro precisa fazer é definir um caminho para a rota de fuga, caso aconteça um outro evento durante as buscas. O lugar definido servirá de ponto de encontro para ver se toda a equipe está segura.
Esse alerta é emitido através de sinais sonoros pelos bombeiros responsáveis por essa função.
Enquanto isso, outra equipe fica realizando estudos sobre o local e outra na localização dos corpos.
“O primeiro passo é procurar as pessoas com vida e que estejam visíveis. Depois, é procurar as vítimas não visíveis, mas com possibilidade de estarem vivas”, diz.
O uso de máquinas de escavação só é possível após 48 horas que aconteceu o deslizamento. “Se a pessoa estiver viva, a máquina pode causar uma lesão ou levar até à morte”, explica.
Buscas pelas pessoas
Uma das maiores ferramentas usadas para localizar vítimas são as informações do local passadas por parentes ou testemunhas do acidente. Este detalhe é importante para saber, por exemplo, onde ficava o imóvel atingido e quantas pessoas havia nele.
Também é feito um estudo da movimentação do solo para saber a quantidade de terra que desceu, a sua direção e, consequentemente, deduzir onde as construções foram parar. Em ocorrências maiores, o trabalho conta com ajuda de geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas ou do Instituto de Geologia.
Para evitar que se procure várias vezes em um mesmo ponto, é feita uma setorização do local com barreiras que demarcam os espaços já procurados.
Um “antes e depois” do local, com ajuda de imagens captadas por drone, também é realizado para saber como ficou o terreno. Só depois de seguir todo esse procedimento são empregados os cães farejadores.
O trabalho é complexo e demorado, mas os bombeiros nunca desistem. “A gente só encerra as buscas quando não há mais ninguém soterrado. Quando a gente sabe o número de desaparecidos, só paramos quando encontramos a última vítima”, comenta o comandante.
Com 35 anos de Polícia Militar e 31 atuando no Corpo de Bombeiros, Jefferson também faz um trabalho voluntário para a Organização das Nações Unidas (ONU) como um avaliador de equipes que queiram fazer credenciamento na entidade para atuar em desastres internacionais.
“É uma guerra eterna com batalhas diárias. Para vencê-la, é preciso dar condições para nossos homens e mulheres bombeiros, que estão no dia a dia trabalhando para a população do estado”, conclui o comandante.