“Anti-herói”: Médico que estava preso por tráfico de drogas volta a atuar no Samu e salva bebê engasgado

Reprodução

Frederico Chamone Barbosa da Silva, de 43 anos, preso em novembro de 2013 por associação e tráfico de drogas, teve sua pena progredida ao regime aberto em setembro de 2023. Ele estava detido no Centro de Progressão Penitenciária de São José do Rio Preto (SP).

O réu é médico-cirurgião, e atuava em unidades da Baixada Santista. Durante uma operação policial que também deteve outros dois homens e uma mulher, foi descoberto que o quarteto levava drogas para a cidade de São Bernardo do Campo.

Chamone teria se aproveitado da posição que ocupava na época para guardar a contabilidade da venda dos entorpecentes dentro de uma unidade de saúde da região.

O juiz Alexandre Betini, da Vara de Júri e Execuções de Santos, decidiu no último dia 30, que o réu voltasse ao trabalho no Samu, onde já atuava antes de sua prisão. Ele atua no período noturno, dentro da cidade e nos municípios vizinhos.

Nesta semana, o médico atuou em um salvamento por videochamada de um bebê com sinais de asfixia em Guarujá. A história foi divulgada pela prefeitura da cidade.

A Prefeitura de Santos se pronunciou sobre a não exoneração do profissional do quadro de funcionários. Como justificativa, o município disse que Frederico atua como médico regulador e intervencionista no Samu de Santos desde quando passou em um concurso em 2011.

“Em obediência ao Artigo 58 do Estatuto do Servidor de Santos, o servidor ficou afastado do cargo – o mesmo artigo não determina exoneração nas condições do caso citado. Com a liberdade condicional concedida ao servidor pela Justiça, ele, obrigatoriamente, teve de retornar ao trabalho”, justificou a administração municipal.

Outra justificativa utilizada foi sobre a falta de profissionais na região à época de seu retorno.

Já a Prefeitura de São Vicente alegou não ter vínculo entre a cidade e o profissional. “Atualmente, ele exerce a função de Médico Regulador e Intervencionista no Samu, por meio da empresa credenciada para prestação de serviços médicos.”, explicou.

Frederido tem respaldo jurídico para desempenhar sua função, e está regular junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM).

Salvamento

Em Guarujá, uma criança de apenas três dias de vida, que apresentava sintomas de asfixia, foi salva pelo médico Frederico Chamone, da Central de Regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 192, a partir de uma vídeochamada.

O profissional orientou a tia do recém-nascido, que ligou para o Samu por volta das 18h30 de terça-feira (14), a realizar a manobra de Heimlich, utilizada para desobstrução de vias respiratórias. Antes mesmo de a ambulância chegar ao local, o que aconteceu em menos de dois minutos, o paciente já chorava, indicando que estava bem.

Segundo o médico regulador que realizou o atendimento por vídeo, a familiar estava muito nervosa, dificultando a comunicação por telefone. “Como pai, me coloquei no lugar dela. Então, peguei meu celular e liguei para ela por vídeo”, conta. Foi então que o profissional passou a orientar os primeiros socorros de forma remota.

Ao mesmo tempo, ele enviou duas ambulâncias do Samu Guarujá (uma de suporte básico e outra avançada) até o local do paciente, na Vila Júlia. Porém, antes dos veículos chegarem ao local, a criança já chorava. “O choro é um indicativo de que ele estava bem, porque se consegue chorar, consegue respirar”, explicou o médico.

O recém-nascido apresentava baixa saturação de oxigênio e foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada, onde recebeu os atendimentos posteriores. “O atendimento por videochamada foi crucial, mas o treinamento do Samu Guarujá também fez a diferença para conseguirmos salvar a vida esta criança”, contou o médico intervencionista do Samu Guarujá, Henrique Orosco Borges, que atendeu o bebê pessoalmente. A ambulância de suporte básico, inclusive, retornava à base para a troca de plantão e após ser acionada chegou ao local em dois minutos.

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