Febre Maculosa – Por Eduardo Filetti

Créditos: Reprodução

Recentemente foram noticiados casos de pessoas que foram acometidos pela febre maculosa inclusive tendo alguns óbitos. Todas elas estiveram na região da Grande Campinas próximas ao Rio Atibaia, região endêmica para esta patologia. Assim como a região Amazônica é endêmica para a Malária.

A febre maculosa, inicialmente denominada febre maculosa das montanhas rochosas, foi identificada pela primeira vez no Estado de Idaho, nos Estados Unidos, no final do século XIX. Seu nome deveu-se à grande incidência nos estados americanos cortados pela cadeia de Montanhas Rochosas. Em 1906, o agente etiológico, a Rickettsii rickettsii foi descrita pelo pesquisador Howard Taylor Ricketts, que identificou o carrapato como principal vetor da transmissão.

A febre maculosa é muito semelhante ao tifo. Em função desta semelhança o pesquisados Ricketts foi convidado a colaborar em pesquisas durante um surto de tifo no México. Depois de isolar e identificar o microrganismo causador da doença, contaminou-se e veio a falecer de tifo em 1910.Os estudos de Ricketts são enaltecidos até hoje, grande colaboração na área médica.

No Brasil, a febre maculosa também conhecida como tifo transmitido pelo carrapato, febre petequial, febre das montanhas ou febre maculosa brasileira. Foi reconhecida pela primeira vez, no Brasil em 1929, estado de São Paulo. Logo depois, foi descrita em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Esta bactéria gran negativa, Rickettisia rickettsii pode causar grandes problemas para o organismo humano. Ela ocorre em países ocidentais, particularmente Estados Unidos, México, Canadá, Panamá, Costa Rica, Argentina, Colômbia e o Brasil. No Brasil, a maioria dos casos de febre maculosa se concentram na Região Sudeste, com casos esparsos em outros estados brasileiros ,em especial no Sul do Brasil. Essa maior incidência coincide com a presença do principal vetor e reservatório – o carrapato
estrela.

Estão associados a transmissão desta patologia as espécies Amblyomma cajannense. Estão ainda associadas a transmissão da febre maculosa as espécies de carrapatos Amblyomma aurelatum e Amblyomma dubitatum. O Carrapato estrela se localiza em pastos ou gramados , preferencialmente em
lugares distantes do sol, bem assombreados e próximos a rios e lagos. O aumento da atividade do carrapato estrela , promovendo maior contato com os seres humanos geralmente se da de junho a outubro.

O carrapato estrela se desenvolve ao longo de um ano e passa por três estágios parasitários. A taxa de mortalidade no Brasil são cerca de 10 vezes maiores que a dos Estados Unidos. Este alto índice de mortalidade deve-se exclusivamente ao retardo no diagnostico e no estabelecimento de tratamento adequado. O Individuo que apresenta febre de moderada a alta, cefaléia (dor de cabeça), cansaço e historia de picada de carrapato ou tenha frequentado área sabidamente de transmissão desta doença nos últimos quinze dias deve informar o médico infectologista o mais rápido possível.

Podem existir manifestações hemorrágicas em alguns casos. O médico com certeza indicará uma serie de exames laboratoriais e iniciará um tratamento que pode ser decisivo na vida do paciente. Os tratamentos tem como base os antibióticos a base de clorofenicol e tetraciclinas, a Doxicilina que vem sendo muito utilizada no mundo para o tratamento desta patologia. Como o pronto diagnostico e a escolha adequada
dos fármacos são fatores determinantes de um melhor prognóstico.

A principal medida profilática consiste em evitar o contado com carrapato, mantendo distancia de áreas rurais sabidamente endêmicas. Caso haja necessidade de caminhar por estas áreas, devemos utilizar roupas brancas que cubram braços e pernas completamente, este tipo de roupa facilita a visualização do carrapato. Outra medida importante neste tipo de área é utilização de fitas adesivas para vedar a junção entre calças e botas. A inspeção no corpo de 3 em 3 horas, pois quanto mais rápido o carrapato for
retirado menores chances de infecção.

Existem pesquisas que relatam que para o carrapato estrela contaminar um ser humano precisa esta no mínimo a 4 horas preso ao mesmo. Ao encontrar um carrapato preso aderido à pele, o ideal é retira-lo com auxílio de uma pinça , torcendo-o levemente para que se desprenda da pele. Uma cabeça de fósforo queimado sendo encostado no carrapato pode fazer com que ele se solte da pele também. Nunca se deve esmagar o carrapato com as unhas, pois isso levará à exposição das riquétsias que podem penetrar na pele via microlesões.

Por Eduardo Filetti (Veterinário)

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