RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – A influenciadora e advogada Deolane Bezerra deixou a Colônia Penal de Buíque, no Agreste de Pernambuco, na tarde desta terça-feira (24), após decisão do desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, do Tribunal de Justiça do estado, na noite desta segunda-feira (23).
Deolane deixou o local acompanhada de advogados em um carro. Populares estavam em frente ao local. No período em que esteve presa, Deolane ficou numa sala reservada no presídio.
A expectativa é que a mãe dela, Solange Bezerra, deixe a Colônia Penal Feminina do Recife ainda nesta tarde.
O magistrado também mandou soltar outros investigados, como o CEO da Esportes da Esporte, Darwin Henrique da Silva Filho, e estendeu o pedido de ofício a outros investigados que estavam presos, como a mãe de Deolane, Solange Bezerra, que estava desde o dia 4 de setembro na Colônia Penal do Bom Pastor, em Recife (PE).
Deolane é investigada por suspeita de envolvimento em uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro e que teria movimentado quase R$ 3 bilhões. Ela diz ser inocente.
A decisão não contempla o cantor Gusttavo Lima, que teve prisão decretada na tarde desta segunda. Dois foragidos são contemplados: José André da Rocha Neto, dono da casa de apostas VaideBet, e sua esposa, Aislla Rocha.
Os réus que tiveram a prisão preventiva derrubada não poderão mudar de endereço sem autorização judicial nem se ausentar do local onde residem sem prévia autorização da Justiça. Também estão proibidos de frequentar qualquer empresa relacionada ao objeto da operação Integration ou participar de decisões das empresas, bem como fazer publicidade para as plataformas de jogos.
O desembargador acatou argumentos da defesa de Darwin Filho de que o Ministério Público de Pernambuco tinha pedido a substituição das prisões por outras medidas cautelares. A manifestação do MPPE foi feita na sexta-feira (20), mas, nesta segunda (23), a juíza Andrea Calado da Cruz rejeitou argumentos do Ministério Público. Agora, a segunda instância derrubou as prisões preventivas.
O magistrado citou que o artigo 312 do Código de Processo Penal “exige como requisito para decretação da prisão preventiva: a existência de prova do crime, indícios suficientes de autoria e perigo ocasionado pela liberdade dos imputados”, afirma o documento. “Destarte, se inexistem elementos para o oferecimento da denúncia, a prisão dos acusados deve ser imediatamente relaxada sob pena de configuração de constrangimento ilegal”, destacou Guilliod, na decisão.
Presa no dia 4 de setembro, na deflagração da Operação Integration, Deolane já havia conseguido um habeas corpus no dia 9, para cumprir prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. A influenciadora havia deixado a Colônia Penal Feminina do Recife após decisão do mesmo desembargador.
No entanto, recebida na saída por dezenas de fãs e apoiadores, ela não cumpriu as determinações da Justiça e voltou a ser presa no dia seguinte, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, onde assinaria os trâmites para cumprir a prisão domiciliar.
Na ocasião, o TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco) confirmou que foi decretada uma nova prisão preventiva. Segundo a Polícia Civil, a decisão aconteceu “em razão do descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça para a concessão de sua prisão domiciliar”.
Na decisão que concedeu a prisão domiciliar, o desembargador afirmou que Deolane “não deve se manifestar em redes sociais, imprensa e assemelhados”. Ao deixar a Colônia Penal, porém, ela respondeu a perguntas de jornalistas e fez críticas à prisão.
“Isso é uma prisão criminosa. Abuso de autoridade do estado de Pernambuco”, disse Deolane, repetidas vezes. “Não há nenhuma prova sequer, não tem uma prova contra mim. Prisão cheia de abuso de autoridade a todos por parte do delegado Paulo Gondim”, acrescentou.
Ela também publicou no Instagram uma foto em que aparecia com a boca tampada com um X.
Deolane, então, foi encaminhada para a Colônia Penal Feminina de Buíque, no interior do estado, a 284 km do Recife, onde permaneceu até esta terça-feira.
Ela e a mãe foram presas na Operação Integration, deflagrada na capital pernambucana e em outros quatro estados. A investigação foi iniciada em abril de 2023 para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
Conforme o inquérito, a suposta quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.
JOSÉ MATHEUS SANTOS / Folhapress