Justiça determina remoção de antigo navio da USP do porto de Santos

Créditos: Divulgação/APS

Redação

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou o desmantelamento e a remoção do navio Professor Besnard do porto de Santos, no litoral paulista. Pioneira em pesquisas oceanográficas, a embarcação foi utilizada na primeira viagem brasileira à Antártida e está abandonada há 15 anos no local.

O serviço será feito pela Autoridade Portuária de Santos e pago pela Prefeitura de Ilhabela.

A gestão Toninho Colucci (PL) não pretende recorrer da decisão e atribuiu ao governo anterior, de Gracinha (PSD), o abandono do projeto firmado com a USP em 2016 para criar um recife artificial.

Nesta sexta-feira (7), a reportagem procurou a ex-prefeita por meio de email informado em seu perfil de redes sociais, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

Segundo a Autoridade Portuária de Santos, a Capitania dos Portos de São Paulo atestou que o navio não tem condições de navegabilidade para ser rebocado a Ilhabela.

De acordo com a decisão judicial, o afundamento “está fora de cogitação” por causa da estrutura contaminada.

Ainda, o texto diz que a USP já havia removido “todo o material de interesse histórico da embarcação para seu próprio museu, sobrando praticamente apenas a carcaça”.

A embarcação de 49,3 metros fabricada na Noruega e entregue em 1967 foi usada por quatro décadas por alunos e professores do Instituto Oceanográfico da USP em seus estudos.

Batizado em homenagem ao cientista russo-francês Wladimir Besnard, um dos criadores do então Instituto Paulista de Oceanografia (incorporado a USP em 1951), o navio coletou 50 mil amostras de organismos marinhos em suas mais de 150 viagens, incluindo a primeira expedição brasileira para a Antártida, na década de 1980.

Em 2008, porém, o equipamento pegou fogo quando estava ancorado na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Com isso, foi transferido para Santos, onde aguarda até hoje por um destino. Entre as alternativas analisadas estavam uma reforma, a possibilidade de doar o equipamento para o Uruguai e a transformação em um museu.

Após anos de impasse, a USP doou o navio para a Prefeitura de Ilhabela (no litoral norte de São Paulo) em 2016. Segundo a universidade, o plano era que ele fosse afundado e transformado em um recife artificial –o que nunca aconteceu.

A Prefeitura de Ilhabela afirmou à reportagem, na noite desta sexta (7), que, além de não recorrer, deve pedir algumas peças do navio para expor no Museu Náutico de Ilhabela.

“Infelizmente a gestão municipal anterior, de forma criminosa, abandonou esse projeto e negligenciou o navio, inclusive doando para uma instituição privada, o que gerou todo esse imbróglio jurídico e acentuou ainda mais a deterioração do patrimônio”, declarou a gestão municipal, em nota.

LUCAS LACERDA E FRANCISCO LIMA NETO

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