Lula e Tarcísio lançam edital oficial para a PPP do Túnel Santos-Guarujá no Parque Valongo

Foto: Fábio Garcez

Uma cerimônia para o lançamento oficial do edital da PPP (Parceria Público-Privada) do Túnel Santos-Guarujá aconteceu nesta quinta-feira (27) no Parque Valongo, em Santos, litoral paulista. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, estiveram presentes no local, além de outras autoridades como o prefeito de Santos, Rogério Santos, e o de Guarujá, Farid Madi.

No evento, além do lançamento desta obra aguardada há mais de 100 anos, e a apresentação de um novo traçado, Lula também prometeu acabar com as palafitas na região, e sobre o investimento na educação, com destaque para a cidade de Guarujá. “Ouvi pessoas gritando sobre o Instituto de Guarujá. Soube que o prefeito já tem o prédio. Temos um em Santos, outro em São Vicente, mas nós vamos fazer o Instituto do Guarujá.”.

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, na quarta-feira (26), que a fiscalização da obra é de competência dos órgãos de controle estaduais de São Paulo, o que reforça a autonomia do estado na condução do projeto e confirma que a modelagem adotada pelo governo, defendida pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP) junto ao tribunal, está alinhada às melhores práticas regulatórias. O leilão da concessão está marcado para o dia 1º de agosto.

Durante os pronunciamentos, o governador Tarcísio de Freitas comentou: “Faltava o túnel Santos-Guarujá. Quando a gente discutia isso, falavam que o túnel já era esperado há muito tempo. Primeiro apareceu um registro de 1972, depois da década de 1940, até que veio um registro de 1927, que chegou para o senhor (presidente Lula). Mas há quem diga que a primeira vez que falaram isso foi em 1924, ou seja, 101 anos atrás para hoje publicarmos esse edital, para que marcássemos esse gol, que não é o olímpico do Neymar, mas é tão significativo quanto. Quero agradecer ao senhor presidente, o senhor colocou esse assunto como prioridade. O senhor falou: não está na hora de disputa política, está na hora de atender o povo. […] O dia de hoje é para entrar para história”.

“Ninguém precisa concordar com ninguém, não precisa ser da mesma religião, torcer pelo mesmo time e almoçar na mesma mesa, temos que ter em mente o que é preciso para governar. Fomos eleitos para compartilhar o nosso esforço e fazer com que o povo sinta prazer em ser governado por alguém que está preocupado com ele. Não estamos com essa parceria para fazer o túnel porque é bonito, é para melhorar a vida do povo de Santos e de Guarujá”, destacou o Presidente da República ao final da cerimônia.

Como vai ser a construção

A estrutura do túnel terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa com três faixas de rolamento por sentido – uma delas exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) – além de acesso para pedestres e ciclistas. O projeto integra o Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e conta com a parceria do Ministério de Portos e Aeroportos, da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da Autoridade Portuária de Santos (APS).

O trecho vai ligar as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá. O estudo de mobilidade do projeto concluiu que a localização mais adequada do túnel é no centro do canal, atendendo as necessidades logísticas da região.

A futura concessionária será responsável pela construção, operação e manutenção do ativo, que permitirá o tráfego de veículos de passeio e de transporte público, além de caminhões, bicicletas (ciclovia) e pedestres. A solução não limita o desenvolvimento e a expansão do porto de Santos.

Os estudos foram realizados pela Fipe, por meio da Companhia Paulista de Parcerias. O projeto-executivo do empreendimento foi validado por duas consultorias internacionais especializadas em projetos de alta complexidade de engenharia e já possui licença ambiental prévia.

As demandas atuais e futuras de viagens, conectando as áreas de maior geração de tráfego nas duas cidades da Baixada Santista, balizaram a formatação da proposta para a ligação seca. O empreendimento ainda permitirá a integração dos sistemas de transportes públicos na região.

Além da passagem de veículos, o túnel contará com uma área de circulação para ciclistas e pedestres instalada entre as seis vias de pista – três faixas por sentido, sendo uma delas adaptável ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

A estrutura será composta por seis módulos de concreto pré-moldados que serão construídos em uma doca seca. Em seguida, os módulos serão “mergulhados” na água para o teste de vedação e impermeabilidade. Depois de prontas, as partes serão transportadas por flutuação até o local onde o túnel será instalado no fundo do leito oceânico.

Etapas da construção:

Preparação do solo

A primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel.

Construção

Os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.

Transporte

Quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar.

Posicionamento

Os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.

Imersão

A água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores.

Ligação dos elementos

Por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles.

Acoplagem

A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.

Nivelamento

Em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.

Proteção

Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.

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